“Desde 16 de março, data da primeira morte por Covid-19 até à última semana (46) morreram mais 11.759 pessoas do que na média dos 11 últimos anos no mesmo período”, lê-se numa publicação que circula nas redes sociais. “No total, desde março, a Covid-19 justificou apenas 4,6% da mortalidade em Portugal”.

Confirmam-se os dados partilhados nesta publicação?
A publicação aponta especificamente para o número médio de mortes nos últimos 11 anos, nos períodos entre 16 de maio e o último dia da 46.ª semana do ano, ou seja, o dia 15 de novembro. Não há qualquer referência à fonte utilizada para fazer estas contas, mas a instituição responsável pelo tratamento destes dados é o Instituto Nacional de Estatística (INE).
No entanto, nas bases de dados disponibilizadas pelo INE relativas às mortes diárias em Portugal só estão disponíveis dados a partir de 2018. O Polígrafo solicitou ao INE os registos relativos a estes períodos e verificou que existe uma ligeira diferença entre as contas oficiais e aquelas que são apresentadas na publicação.

A média de mortes no período referido nos últimos 11 anos cifra-se em 68.617, sendo que em 2020 registaram-se 77.826 mortes (dados provisórios). Falamos então de uma diferença de 9.209 mortes e não de 11.759 como destaca a publicação.
Já a proporção de óbitos causados pela Covid-19 está mais perto da apontada. No dia 15 de novembro, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informou que desde o início da pandemia já tinham morrido 3.381 pessoas vítimas de complicações relacionadas com a Covid-19, o que corresponde a 4,3% do total de mortes registadas nesse mesmo período.
Desta forma, é correto afirmar que apenas 4% das mortes registadas entre 16 de março e 15 de novembro tiveram como causa a Covid-19, ainda que a diferença de óbitos entre a média dos últimos 11 anos no mesmo período e os registados este ano é menor do que a indicada na publicação.
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Avaliação do Polígrafo: