O alarme disparou ao longo das últimas semanas, em diferentes publicações nas redes sociais: “A Google está a instalar secretamente uma aplicação de Covid-19 nos telemóveis (…) sem informar os utilizadores”; “Muito urgente! Meteram-nos uma app de Covid-19 no telemóvel de todos, e eu explico-vos”. Os posts, no Twitter, no Facebook e até no YouTube, são acompanhados por explicações para que aqueles que se cruzem com o alerta percebam se o próprio telemóvel já está, ou não, “infetado”.
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É certo que a utilização indevida de dados produzidos por dispositivos móveis é hoje, mais do que uma preocupação, uma realidade. Também é verdade que esta não é a primeira vez que a Google se vê a braços com questões que põem em causa a privacidade dos clientes. Ainda assim, será que a tecnológica norte-americana está a instalar, sem avisar os utilizadores, uma aplicação para rastrear a Covid-19 que indevidamente vigia e expõe os movimentos de todos os que têm um smartphone com sistema operativo Android?
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A resposta é não, tal como dá conta a Newtral, plataforma espanhola de verificação de factos. É que, apesar do alarido, há uma explicação simples para a polémica: no início do mês abril, não só a Google, como a Apple, em conjunto, anunciaram que iriam trabalhar para que os telemóveis criados pelas duas gigantes da internet pudessem ter uma funcionalidade que permitisse instalar e operar aplicações de rastreio à Covid-19, de modo a travar a propagação da doença. Em comunicado, as duas empresas deixam claro aquilo em que consiste o projeto: “O que construíamos não é uma aplicação, mas mais um interface de programação (API) que as autoridades de saúde poderão integrar nas suas próprias aplicações.”
Na prática, se uma pessoa testar positivo à Covid-19 e inserir esse resultado na aplicação de rastreio que tenha instalada no telemóvel, a app, através do sistema criado pela Google e pela Apple, vai enviar uma notificação a todos quantos estiveram em contacto com o infetado, e que tenham também aplicações similares no smartphone, para que tomem as medidas de saúde necessárias.
Precisamente por uma questão de privacidade, a nova ferramenta não usa o GPS para identificar o cruzamento dos utilizadores, mas sim o sinal Bluetooth: quando duas pessoas que baixaram uma app de rastreio ao novo coronavírus se aproximam, os dispositivos trocam um código entre si. A referência fica guardada nos telemóveis mas, por ser gerada de forma aleatória, mantém a privacidade dos utilizadores.
Depois, pelo menos uma vez por dia, o smartphone descarrega uma lista dos códigos que pertencem a pessoas que, entretanto, testaram positivo ao vírus. Se houver uma coincidência entre os códigos armazenados no dispositivo e a lista recebida com diagnósticos positivos, o utilizador fica a saber que esteve em contacto com alguém que está doente.
De destacar que tanto a Google como a Apple garantem que todos os clientes que queiram utilizar este tipo de aplicações são convidados a aceitar os termos e condições de utilização, ou seja, nada é feito às escondidas ou com intenções que não aquelas claramente anunciadas.
Em conclusão, é falso que a Google esteja, sem permissão, a instalar uma aplicação de rastreio à Covid-19 nos telemóveis com software Android com o objetivo de vigiar as movimentações dos utilizadores. O que a tecnológica criou, em conjunto com a Apple, foi um sistema que poderá ser utilizado por muitas aplicações de vigilância da doença, que permite que pessoas que estiveram em contacto social sejam notificadas, caso uma delas teste positivo ao novo coronavírus. Precisamente por uma questão de privacidade, o sistema não usa GPS, mas sim o Bluetooth, para sinalizar quem se cruza com quem.
Avaliação do Polígrafo: