O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Cotrim de Figueiredo: “Em relação a 2015, o Estado embolsou mais 50 mil milhões de euros em impostos”

Política
O que está em causa?
E "engordou cerca de 100 mil funcionários públicos", de acordo com João Cotrim de Figueiredo, eurodeputado e ex-líder do Iniciativa Liberal, ao discursar ontem à noite (1 de fevereiro) na IX Convenção Nacional do partido que está a decorrer em Loures. Os números indicados têm fundamento?
© Agência Lusa / Manuel Fernando Araújo

Para o ex-líder João Cotrim de Figueiredo, “é importante” que o Iniciativa Liberal “saia forte” da IX Convenção Nacional do partido realizada este fim-de-semana em Loures. “Para nós e Portugal também”, vincou o atual eurodeputado, ao discursar ontem à noite perante os militantes liberais reunidos no Pavilhão Paz e Amizade.

Mais do que para a disputa interna entre o recandidato à liderança Rui Rocha e o desafiador da oposição Rui Malheiro, o antigo líder direcionou o seu discurso para o exterior, sublinhando a importância do projeto liberal ao nível nacional e europeu. “Eu não vejo nenhum outro partido que consiga ser ao mesmo tempo, aquilo que eu posso chamar de lúcido e honesto, na identificação dos problemas e da sua gravidade e complexidade – quer os portugueses, quer os europeus, os problemas -, ao mesmo tempo que pode com otimismo e confiança dizer: eu acredito que a criatividade humana, o trabalho, a competência e, claro, as boas ideias liberais serão capazes de encontrar soluções para esses problemas“, declarou Cotrim de Figueiredo, perguntando:

“Que outro partido, digam vocês, acham que conseguia fazer o mesmo?”

Problemas que “o PSD tarda, ou não quer, ou não sabe resolver“, sublinhou, alinhando com as críticas de Rocha ao primeiro ano de Governo da Aliança Democrática (AD), nomeadamente a promessa falhada de acelerar o ritmo de crescimento económico do país.

Mas também ao nível fiscal. “Desde logo, o tema de pôr o Estado a fazer dieta”, exemplificou Cotrim de Figueiredo. “Em relação a 2015, não sei se têm noção disso, o Estado embolsou mais 50 mil milhões de euros em impostos. Engordou cerca de 100 mil funcionários públicos, em recrutamento sem grande escrutínio e em desempenho sem nenhuma avaliação. E com tudo isto, ao mesmo tempo que a qualidade dos serviços públicos diminuía e atingia mínimos. Portanto, o exemplo perfeito de impostos máximos, serviços mínimos.”

Nesse âmbito realçou que o único partido que colocou “a dieta do Estado no topo da agenda foi o Iniciativa Liberal”.

Os números indicados quanto aos impostos e os funcionários públicos têm fundamento?

De acordo com os dados apurados pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), a receita efetiva da Administração Central e da Segurança Social em 2015 cifrou-se em 69.561,9 milhões de euros. Aumentou para 71.549,2 milhões de euros logo em 2016, primeiro ano completo do Governo de António Costa (PS) e entretanto, já em 2024, primeiro ano do Governo de Luís Montenegro (AD), ascendeu a um valor total de 120.936,5 milhões de euros.

Ou seja, de 2015 para 2024 verifica-se um incremento de 51.374,6 milhões de euros, até ligeiramente superior ao evocado por Cotrim de Figueiredo.

Importa porém ter em atenção que esta receita efetiva não abrange somente impostos, mas também as contribuições para a Segurança Social e, em parcela mais diminuta, as receitas de capital.

Considerando apenas a receita fiscal, proveniente de impostos diretos e indiretos, o valor apurado subiu de 40.307,6 milhões de euros em 2015 para 67.847,0 milhões de euros em 2024 – ou seja, cerca de metade do valor em causa no aumento da receita efetiva.

Quanto ao número de funcionários públicos, tal como o Polígrafo verificou recentemente, é verdade que aumentou em quase 100 mil desde o final de 2015.

_______________________________

Avaliação do Polígrafo:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque