- O que está em causa?No X/Twitter, o deputado Bernardo Blanco, do Iniciativa Liberal, elogiou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, pela posição que assumiu depois de ser atacado com ovos e tinta verde por ativistas contra as alterações climáticas. Mas nos comentários ao "tweet" há quem alegue que "o ministro não merece um elogio vindo de quem nega a existência de uma emergência climática", remetendo para declarações de João Cotrim de Figueiredo (ex-líder dos liberais) num debate das legislativas de 2022.

"O ministro Duarte Cordeiro tem tido posições equilibradas na sua pasta, ouvindo as críticas e adotando sugestões de partidos de várias cores. Tem ouvido a ciência, a inovação, as experiências de outros países, e está em contacto com a sociedade civil, quer do lado das associações ambientais quer do lado das empresas. A meu ver tem cumprido neste Governo caótico", escreveu o deputado liberal Bernardo Blanco, no X/Twitter, a 26 de setembro, em reação ao ataque sofrido pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática nesse mesmo dia - foi atingido por ovos e tinta verde arremessados por ativistas durante uma conferência sobre "energias verdes".
"Não merece ter de aturar 'ativistas' de extrema-esquerda, apologistas de radicalismos proibicionistas e utopias de decrescimento", prosseguiu Blanco. "As preocupações ambientais não podem ser tomadas por radicais. O que se viu não é ativismo, é falta de educação em casa".
"Parece que está na moda os extremos invadirem e tentarem cancelar eventos. O dever de quem gosta da liberdade é combater isso e lutar pela livre discussão de ideias. Não ceder. Muito bem o ministro ao dizer 'vamos continuar'", rematou.

Nas respostas ao tweet original, destaque para o comentador Daniel Oliveira ao sublinhar que "o ministro não merece um elogio vindo de quem nega a existência de uma emergência climática".
Nesse sentido remeteu para um clip de vídeo que regista declarações sobre este tema proferidas por João Cotrim de Figueiredo (então ainda na presidência do Iniciativa Liberal) num debate frente a Inês de Sousa Real, líder do PAN, na antecâmara das eleições legislativas de 2022.

Segundo o Dicionário Oxford, que escolheu "emergência climática" como a "Palavra do Ano" de 2019, esta pode definir-se como "uma situação em que é necessária uma ação urgente para reduzir ou travar as alterações climáticas e evitar danos ambientais potencialmente irreversíveis daí resultantes".
Posto isto, em debate para as eleições legislativas de 2022, transmitido pela SIC Notícias a 7 de janeiro desse ano, Cotrim de Figueiredo foi questionado sobre se "a emergência climática não merece que se sacrifique a economia?"
Num “duelo” que o colocou frente-a-frente com a líder do PAN, Inês de Sousa Real, o deputado liberal respondeu prontamente:
"Primeira coisa, só a adoção da palavra 'emergência climática' já faz parte de uma agenda. Parece que estamos perante algo que é preciso tratar com uma urgência tal que todos os custos são justificados. Não são."
E prosseguiu a intervenção: "O Iniciativa Liberal não é negacionista. Há um problema de alterações climáticas, é um problema sério, mas as resoluções, nomeadamente aquelas que tendem a ser mais radicais, têm um custo económico brutal e, ele próprio, 'à la longue', produtor de problemas ambientais."
Concluindo, Cotrim de Figueiredo recusou a ideia de "emergência climática", no sentido de "algo que é preciso tratar com uma urgência tal que todos os custos são justificados". Mas, apesar disso, reconheceu que existe um "problema sério" de "alterações climáticas" que não deve ser desconsiderado.
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Avaliação do Polígrafo:
