O número de infetados com Covid-19 em Portugal tem vindo a aumentar nas últimas semanas, tal como o número de infetados que necessitam de internamento hospitalar, inclusive em unidades de cuidados intensivos, o que está a colocar o SNS sob pressão e no limiar da eventual incapacidade de resposta.
Neste contexto, o primeiro-ministro António Costa e a ministra da Saúde, Marta Temido, proferiram declarações sobre a capacidade de resposta do SNS (nos dias 19 de outubro e 26 de outubro, respetivamente), indicando números diferentes sobre as camas disponíveis para internamentos relacionados com a Covid-19.
Em entrevista à TVI, Costa afirmou que “em termos de camas de cuidados intensivos, temos mais de 500 camas reservadas, que podem crescer sem afetar o resto da atividade programada para 700 e podem crescer para 900, aí já afetando atividades programadas”. Na mesma intervenção, o primeiro-ministro assegurou que o SNS conta com “um total de mais de 21 mil camas“.
Por sua vez, Temido organizou uma conferência de imprensa para “atualizar o país em relação à capacidade instalada no SNS para o tratamento de doentes Covid-19”. Nessa ocasião, a ministra da Saúde garantiu que “podem contar da parte do SNS com cerca de 17 mil camas de internamento em enfermaria médico-cirúrgica e 800 camas de cuidados intensivos numa situação já muito extremada de preparação para resposta a picos de afluência. O SNS tem limites e temos o dever de proteger essa capacidade”.
Confirmada a disparidade nos números indicados, afinal quais é que são corretos? Estão disponíveis 21 mil ou 17 mil camas para internamento? E nas unidades de cuidados intensivos, há 900 ou 800 camas?
Questionado pelo Polígrafo, o Ministério da Saúde esclarece que os números corretos são os que foram indicados por Temido, não explicando porém a disparidade relativamente aos números indicados por Costa.
O Ministério da Saúde remete para os dados oficiais sobre a capacidade de resposta do SNS em picos de afluência. Ao nível nacional está preparado para disponibilizar 17.225 camas de enfermaria a doentes Covid-19. Neste âmbito, a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo é a que tem um maior número de camas (6.330), seguindo-se a ARS do Norte (5.489). No fundo da tabela destaca-se a ARS do Alentejo com apenas 802 camas disponíveis em picos de afluência.
Quanto às camas em unidades de cuidados intensivos, o SNS está preparado para o internamento de 852 pessoas, com a ARS de Lisboa e Vale do Tejo a ser também a que tem mais camas (405), ao passo que a ARS do Algarve é a que tem menos (32).
No total, conjugando internamentos regulares e cuidados intensivos, o SNS dispõe de 18.077 camas para doentes Covid-19. Este número, tal como explicou a ministra da Saúde na conferência de imprensa de 26 de outubro, resulta não apenas da instalação da cama, mas também do equipamento e dos recursos humanos necessários para o tratamento do doente.
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Avaliação do Polígrafo: