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Costa disse que “o Governo cai no dia em que precisar dos votos do PSD para aprovar um Orçamento”?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Questionado sobre a possibilidade de o PSD viabilizar o Orçamento do Estado para 2022 em caso de falhanço das negociações entre o PS e os partidos mais à esquerda, para evitar uma crise política, Rui Rio lembrou que António Costa terá fechado essa porta "há um ano e tal", quando "disse muito claramente que o Governo cai no dia em que precisar dos votos do PSD para aprovar um Orçamento do Estado". Confirma-se?

No dia 13 de outubro, em conferência de imprensa na Assembleia da República, o líder do PSD, Rui Rio, enjeitou a possibilidade de o PSD viabilizar o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) em caso de falhanço das negociações entre o PS e os partidos mais à esquerda. Nesse sentido, justificou: “O próprio primeiro-ministro [António Costa], em devido tempo, há um ano e tal, disse muito claramente que o Governo cai no dia em que precisar dos votos do PSD para aprovar um Orçamento do Estado. Portanto, nem que o PSD tivesse essa disponibilidade, que não tem tido, mas nem que tivesse essa disponibilidade, não servia de nada, teríamos a crise na mesma.

“O PSD decide o seu voto relativamente ao Orçamento do Estado numa completa liberdade, sabendo que o seu voto em matéria de crise política não conta para nada. Isso é decidido à esquerda. Quem abre uma crise, ou não abre uma crise, é o PS, o BE e o PCP, não somos nós”, concluiu.

Dois dias depois, à saída de uma audiência no Palácio de Belém com o Presidente da República, Rio anunciou que o PSD vai votar contra a proposta de OE2022. Questionado novamente sobre a possibilidade de viabilizar o OE2022 para evitar uma crise política, o líder do PSD voltou a recordar as palavras de Costa.

Mas será que o primeiro-ministro recusou mesmo um putativo apoio do PSD em matéria de Orçamento do Estado?

Em causa está uma entrevista que Costa concedeu ao jornal “Expresso” em agosto de 2020. Já nessa altura, o primeiro-ministro foi questionado sobre a hipótese de os parceiros à esquerda (nomeadamente o BE e o PCP) não viabilizarem o Orçamento do Estado para 2021. Recorde-se que o BE acabou mesmo por votar contra, mas o PCP absteve-se e assim viabilizou a aprovação do documento final.

À pergunta sobre se admitiria “uma aprovação do Orçamento do Estado com o PSD”, Costa respondeu da seguinte forma: “Já disse muito claramente ao PCP e ao BE que não vale a pena ter esse sonho da construção de blocos centrais. E é manifesto que o PSD já disse que não os quer. O interesse que o PSD manifesta é de dialogar com o Chega, portanto isso é outro caminho novo que se está a abrir na direita portuguesa. Há uma tentação, que não digo que seja do Jerónimo de Sousa ou da Catarina Martins, que percebo ser de alguns estrategos do PCP e do BE, que dizem: ‘Ah, agora é que vai ser, eles vão ser obrigados a governar à direita’. Já expliquei com muita clareza: esse sonho não se vai realizar. No dia em que a subsistência deste Governo depender de um acordo com o PSD, nesse dia este Governo acabou“.

Perante a insistência dos jornalistas no mesmo tema, Costa ainda reiterou: “Não vou pedir ao PSD que vote contra nem que se abstenha. O que quero deixar muito claro, e já o deixei ao PCP e ao BE, é que, se sonham que vão colocar o PS na condição de ir negociar com o PSD a continuação do Governo, podem tirar o cavalinho da chuva, pois não negociaremos à direita a subsistência deste Governo“.

Confirma-se assim a veracidade da alegação de Rio, lembrando declarações proferidas por Costa em agosto de 2020.

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Avaliação do Polígrafo:

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