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Costa acusa BE de ter “rompido” com a esquerda “quando a pandemia estava mesmo no pico”. Confirma-se?

Legislativas 2022
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
No final de uma arruada em Guimarães, ontem à tarde, respondendo a Catarina Martins que o criticou por estar "a quebrar todas as pontes de diálogo" entre os partidos de esquerda, António Costa lembrou que o BE votou contra o OE2021. "Quando não havia ainda um único português vacinado, quando a pandemia da Covid-19 estava mesmo no pico, o BE, em vez de se manter junto ao PS e ao PCP, rompeu e ficou sozinho a votar com a direita", afirmou o primeiro-ministro. Verificação de factos.

O avanço da campanha eleitoral não está a servir para dissipar a tensão entre António Costa e Catarina Martins, ex-parceiros da geringonça, muito pelo contrário. A líder do BE criticou o primeiro-ministro e secretário-geral do PS por estar “a quebrar todas as pontes de diálogo” entre os partidos de esquerda. No final de uma arruada em Guimarães, ontem à tarde, confrontado com essas declarações da adversária, Costa disse que o BE está à procura de “um bode expiatório” e lembrou que “quando não havia ainda um único português vacinado, quando a pandemia da Covid-19 estava mesmo no pico, o BE, em vez de se manter junto ao PS e ao PCP, rompeu e ficou sozinho a votar com a direita“.

“Percebo que partidos que já em 2020 quiseram romper a unidade da esquerda precisem agora de arranjar um bode expiatório. Mas a única coisa que o BE tem a fazer é pedir desculpa por ter rompido com a unidade de esquerda em 2020″, afirmou Costa perante os jornalistas, para depois concluir: “Não recebo lições de Catarina Martins.”

O primeiro-ministro referia-se ao facto de o BE ter votado contra a proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021). Mas será que essa posição dos bloquistas foi assumida “quando a pandemia da Covid-19 estava mesmo no pico“?

A proposta de OE2021 foi aprovada na Assembleia da República, em votação final global, no dia 26 de novembro de 2020. Os deputados do PS votaram a favor, enquanto os deputados do PCP, PEV e PAN, além das deputadas não inscritas Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira, optaram pela abstenção.

Em sentido oposto, os deputados do PSD, BE, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal votaram contra.

Ou seja, é verdade que o BE como que “rompeu” com “a unidade de esquerda” nesse momento, através do primeiro voto contra um Orçamento do Estado desde a formação da geringonça no final de 2015. Também se confirma que “ficou sozinho a votar com a direita”. Mas o pico da pandemia ocorreu sobretudo entre janeiro e fevereiro de 2021, não em novembro de 2020.

Ao nível de novos casos diários, aliás, o maior pico verifica-se neste mês de janeiro de 2022, com sucessivos pontos máximos a serem atingidos em dias sucessivos. No pico de janeiro/fevereiro de 2021 alcançou-se um ponto máximo de 16.432 novos casos (mais precisamente a 28 de janeiro). Ora, nos últimos dias têm sido registados mais de 50 mil novos casos.

O mesmo não se aplica, porém, ao nível das mortes por Covid-19. Nesse âmbito, de facto, o maior pico foi atingido em janeiro/fevereiro de 2021, quando se registaram centenas de mortes por dia ao longo de várias semanas. O ponto máximo foi alcançado nos dias 28 e 31 de janeiro, com 303 mortes.

Outro elemento a ter em conta é que, em julho de 2020, o PCP e o PEV já tinham “rompido” com a “unidade de esquerda”, ao votarem contra a proposta de Orçamento Suplementar para 2020. Nessa altura, os deputados do BE abstiveram-se, juntamente com os do PSD e do PAN. Os deputados do PCP e do PEV estiveram ao lado dos deputados do CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal no voto contra.

Em conclusão, na medida em que Costa poderia estar a referir-se ao período de vigência do OE2021 e não ao momento de votação final global do documento, optamos pela classificação de “Impreciso“. Para o que contribui, também, o facto de o PCP e o PEV terem “rompido” primeiro ao votarem contra o Orçamento Suplementar de 2020, em julho desse ano.

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Avaliação do Polígrafo:

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