“Crianças com dores de cabeça ao fim de um dia respirando através de uma máscara [sintomas de hipoxia], professoras a sentirem-se mal durante o decorrer das aulas com falta de ar, arritmias, fadiga extrema, [todos sintomas de hipoxia], crianças obrigadas a permanecerem sentadas nos intervalos, vigiadas por auxiliares, sem poderem movimentar-se a não ser para irem ao wc [sob vigilância de auxiliares], e tudo o resto que sinceramente, penso só sensibilizar quem tenha os pés na terra, pois já fica difícil perceber se somos todos da mesma espécie e temos todos o mesmo funcionamento cerebral”, pode ler-se na mensagem a circular nas redes sociais.
Confirma-se que a utilização prolongada de máscaras pode provocar hipoxia?
A hipoxia consiste na redução da concentração de oxigénio no sangue ou nos tecidos e tem sido muitas vezes evocada nas redes sociais desde que as máscaras se tornaram obrigatórias em locais fechados. As teorias sobre os efeitos negativos do uso de proteção individual já foram analisadas várias vezes pelo Polígrafo (pode ler aqui e aqui, entre outros exemplos).
Questionado pelo Polígrafo, Tiago Alfaro, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e professor de Pneumologia na Universidade de Coimbra, explica que “há estudos que abordam a possibilidade de haver uma redução do oxigénio ou aumento do CO2“, mas nunca foi encontrada nenhuma relação entre os dois fatores.
“Aquilo que se encontrou é que, especialmente nas máscaras P2, dão alguma dor de cabeça, principalmente quando se utiliza óculos – quando estão apertados ou quando utilizamos muitas horas”, assegura. De acordo com o especialista, “o que acontece é desconforto, não é propriamente redução de oxigénio e elevação de CO2“.
Por sua vez, Celso Cunha, professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, aponta no mesmo sentido. “Quando respiramos, com ou sem máscara, o dióxido de carbono [CO2] e outros gases são expelidos e a quantidade que é reinalada é negligenciável porque a máscara deixa espaço para o ar sair“, sublinha. E indica um exemplo prático: “Os óculos podem ficar embaciados devido ao ar quente dos pulmões que é expelido“.
Também o virologista Tiago Marques defende que a quantidade de CO2 retida pela máscara “é muito insuficiente“. Remetendo para as epidemias de síndrome respiratória aguda grave (SARS) no passado, o especialista salienta, por exemplo, que o uso de máscaras N95 pelos profissionais de saúde por períodos prolongados foi “associado a cefaleias, dores de cabeça, mas não mais do que isso“.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: