“Pois é! Internautas começam a desconfiar que o Governo chinês criou o coronavírus com o intuito de diminuir a população chinesa“, revela-se no texto do artigo, com origem numa página do Brasil.
“De acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas da China, houve 17,86 milhões de nascimentos em 2016. A população chinesa cresceu em 1,31 milhões de pessoas – foram 12,95 nascimentos a cada mil habitantes, a maior desde 2001″, acrescenta-se.
No final do artigo salienta-se também que os EUA “já têm a cura” para o novo coronavírus: uma suposta vacina desenvolvida pela empresa norte-americana Moderna Therapeutics.

Este artigo tem alguma sustentação factual?
Começando pelos dados estatísticos, é verdade que em 2016 registaram-se 17,86 milhões de nascimentos na China, o número mais elevado desde 2001. No entanto, já estamos em 2020 e, nos últimos anos, o ritmo de crescimento populacional do gigante asiático voltou a abrandar significativamente.
De acordo com os dados estatísticos mais recentes, em 2019 registaram-se 14,65 milhões de nascimentos na China, o número mais baixo desde há cerca de seis décadas. No ano anterior de 2018 já se tinha verificado o número mais baixo de nascimentos desde 1961. Ou seja, no artigo aponta-se para um pico de crescimento em 2016, mas omite-se a redução que se verificou desde então, ao ponto de se atingir mínimos históricos.
Quanto à teoria de conspiração segundo a qual terá sido o Governo da China a criar o novo coronavírus para diminuir a própria população, não há qualquer facto público ou conhecido que aponte nesse sentido. Nem o artigo em causa fundamenta essa alegação. Trata-se de pura especulação.
Relativamente à suposta cura descoberta nos EUA, também não se confirma. Neste caso é uma extrapolação a partir de uma notícia de 22 de janeiro da estação de televisão CNBC, dando conta de que a empresa de biotecnologia norte-americana Moderna “está a trabalhar com agências governamentais do setor da Saúde nos EUA para desenvolver uma vacina” que possa ser aplicada ao novo coronavírus que surgiu na China. Ou seja, trata-se de um processo em desenvolvimento, ainda na fase inicial e sem garantias de sucesso.
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
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