A fotografia tem sido amplamente divulgada nas redes sociais, e mostra um par de mãos a segurar num pequeno frasco, com um rótulo branco e roxo que diz «vacina coronavírus». Contudo, antes destas duas palavras existe uma impercetível, pelo facto de o papel que envolve a embalagem estar danificado.
À partida, o frasco, até pela forma, parece ser uma vacina para o coronavírus, suposição que as legendas com que a imagem tem sido partilhada confirmam: “Em 2001, e hoje eles dizem-nos que não há vacina”; “Isto foi em 2001, digam-me porque é que 19 anos depois dizem que não há vacina.”
As publicações sugerem, portanto, que já existe uma vacina para o novo coronavírus, que causa a Covid-19, desde 2001. Inexplicavelmente, a ciência e as farmacêuticas garantem que o fármaco ainda não foi descoberto e que pode demorar 18 meses a ficar disponível ou, na pior das hipóteses, nunca vir a existir.
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No entanto, é falso que exista uma vacina para a Covid-19, muito menos desde 2001. Aquilo que se vê na fotografia viral é, de facto, uma vacina contra o coronavírus, mas um coronavírus animal, que afeta cães. Aliás, um olhar mais atento permite ver que a palavra que é impercetível no rótulo: “canine”, em português “canino”, ou seja, o que lá está escrito é “vacina coronavírus canino”, como dá conta também o site espanhol de verificação de factos Maldita.es.
Importa, assim, esclarecer que existe mais do que um coronavírus. Até hoje, foram identificadas oito estirpes que causam infeção no Homem, a primeira nos anos 60. Além disso, há três tipos de coronavírus caninos, o primeiro descoberto em 1971. Significa isto que, só por si, a palavra coronavírus não se refere à Covid-19, a doença que levou à pandemia que tem afetado o planeta.
A Direção Geral da Saúde explica, no site que criou para informar sobre a Covid-19, que os coronavírus «podem causar infeção no Homem, noutros mamíferos e nas aves», e que, daqueles que afetam os seres humanos, três foram transmitidos a partir de animais: “o SARS-CoV, que originou uma epidemia em 2002-2003, e o MERS-CoV, que emergiu em 2012, e foi causando casos esporádicos de infeção humana.” Já o novo coronavírus, o SARS-CoV-2, que origina a doença chamada Covid-19, foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, na China.
Sendo assim, é impossível que haja uma vacina para o novo coronavírus desde 2001, ao contrário do que alegam as publicações nas redes sociais.
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