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Contra a lei dos estrangeiros, Passos Coelho discursou pelo Chega em campanha para as próximas eleições?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Vídeo de cerca de 18 segundos mostra Pedro Passos Coelho, ex-Primeiro-Ministro, a discursar num comício de campanha do partido Chega para as eleições do próximo ano. Declarações polémicas do social-democrata sobre imigração estão no centro da manipulação.

“Passos Coelho no Chega”, descreve-se num “tweet” de 15 de novembro. A afirmação não chega sozinha: acompanha um vídeo do antigo Primeiro-Ministro (PM) que discursa sobre a lei da nacionalidade e afirma que, para que seja permitida a residência a estrangeiros, basta que estes apresentem “uma promessa de trabalho”.

passos coelho

No painel atrás de Passos Coelho, o logótipo do partido Chega. À sua frente, no palanque, o mote “Por Portugal. Pelos portugueses” e o seu nome acima do de André Ventura. Ao lado, o ano “2024”, numa referência às eleições legislativas de 10 de março. Este vídeo é real?

Não. Trata-se de uma manipulação que recorre a um vídeo com mais de seis anos. A 13 de agosto de 2017, Passos Coelho discursava pelo PSD na Festa do Pontal. Estava “contra a demagogia e o populismo da ‘geringonça'”, nomeadamente no que à entrada de estrangeiros em Portugal dizia respeito.

O exemplo mais simbólico do “radicalismo de esquerda” de que Passos Coelho falava aos 44 minutos de discurso era a alteração à lei de estrangeiros: “Na prática, permite que qualquer pessoa possa ter autorização de residência em Portugal desde que arranje uma promessa – reparem bem – de poder ter um contrato de trabalho.”

“O Estado deixará de ter condições para simplesmente expulsar alguém que possa, sendo imigrante, ter cometido crimes graves contra a própria sociedade portuguesa. Este foi o Governo que aprovou estas alterações”, reiterou o então líder do PSD.

Em suma: não, Passos Coelho não discursou pelo Chega. Mas André Ventura já o fez pelo PSD várias vezes (enquanto membro do partido): o ex-líder dos sociais-democratas e o atual dirigente do Chega são próximos e têm uma história de anos.

Recentemente, horas depois da demissão de António Costa, uma plateia de jovens em Oeiras questionou Passos Coelho: “Acha que eleições antecipadas podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega?” A resposta foi simples: o Chega não ameaça a democracia, porque não é “anti-democrático”. Nas redes sociais, Passos Coelho viu as suas declarações criticadas, mas a relação entre o ex-PM e André Ventura não fazia prever outra coisa: afinal, o líder do Chega até tem uma fotografia com o social-democrata no seu gabinete.

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Avaliação do Polígrafo:

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