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Confirma-se que o “fogo posto é a principal causa dos incêndios em Portugal”?

Sociedade
O que está em causa?
É uma ideia insistentemente difundida nas redes sociais, embora nem sempre com fundamento. O Polígrafo analisa os últimos dados referentes a 2024 que - revelamos desde já - contrariam a média registada na década anterior.
© Agência Lusa / Pedro Sarmento Costa

“Os governantes são um reflexo do povo! População trans está entre as mais atingidas por desastres ambientais. Alterações climáticas potenciaram ‘os terríveis incêndios’, diz ministra do Ambiente. Fogo posto é a principal causa dos incêndios em Portugal”, destaca-se numa publicação de 19 de novembro no Facebook, remetida ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.

Confirma-se que o “fogo posto é a principal causa dos incêndios em Portugal”?

De acordo com o “8.º Relatório Provisório de Incêndios Rurais de 2024“, produzido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), com dados (ainda provisórios) referentes ao período de 1 de janeiro a 15 de outubro de 2024, “do total de 6.229 incêndios rurais verificados no ano de 2024, 5.177 foram investigados e têm o processo de averiguação de causas concluído (83% do número total de incêndios – responsáveis por 40% da área total ardida). Destes, a investigação permitiu a atribuição de uma causa para 3.685 incêndios (71% dos incêndios investigados – responsáveis por 32% da área total ardida)”.

Entre os incêndios investigados e com processo de averiguação de causas concluído, 35% inserem-se na categoria de “Incendiarismo – Indivíduos imputáveis”.

Por sua vez, conjuntamente, as várias tipologias de queimas e queimadas – na categoria de “Uso do fogo” – representam 30% do total das causas apuradas.

Desde 2020, quando atingiu o ponto máximo de 37%, que a categoria de “Incendiarismo – Indivíduos imputáveis” não era tão expressiva, perfazendo uma média de 29% no período entre 2014 e 2023.

A principal causa atribuída aos incêndios em Portugal na última década tem sido a categoria de “Uso do fogo”, com uma média de 39%.

No entanto, a publicação no Facebook aponta para o presente e, de acordo com os últimos dados do ICNF, a principal causa em 2024 tem sido fixada na categoria de “Incendiarismo – Indivíduos imputáveis”, ou “fogo posto”. Mas importa ter em atenção que o mesmo não se aplica à média registada entre 2014 e 2023.

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Avaliação do Polígrafo:

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