Com as temperaturas a atingir os 40 graus, várias publicações nas redes sociais recordam que, no verão de 1930, “Lisboa registou temperaturas de 37,8 graus à sombra e 68,2 graus ao sol”.
“O calor em Portugal tem sido verdadeiramente excessivo”, pode ler-se na suposta notícia, que informava ainda que “o abafadiço calor do verão lisboeta” teria tardado a chegar nesse ano, mas finalmente acabaria por surgir. “Os termómetros do Observatório Central Meteorológico marcaram 37,8º à sombra e 68,2º ao sol”, acrescenta a mesma peça.
Mas será que, no verão de 1930, as temperaturas atingiram mesmo os valores mencionados?
Sim. A edição de 2 de setembro de 1930 d’”O Jornal” dava conta de que, a 17 de agosto desse ano, Lisboa via a temperatura subir até aos 68º ao Sol, como já constatou anteriormente o Polígrafo: “Tardou, mas chegou, o abafadiço calor do verão lisboeta, que transforma a cidade durante o dia numa espécie de fornalha, torna sedentas todas as gargantas e faz a alegria dos cervejeiros.”
“Os termómetros do Observatório Central Meteorológico marcaram 37,8º à sombra e 68,2º ao sol. O asfalto das poucas ruas que o têm chegou a derreter e, pela tarde, os cafés encheram-se a transbordar e as principais artérias da cidades despejaram-se de transeuntes. O contraste entre a frescura constante dos últimos dias e a atmosfera abrasada de ontem foi súbito e violento”, escrevia, à data, “O Jornal”.
Porém, refira-se que tal não comprova que as alterações climáticas não existem. Ou seja, as temperaturas baixas ou elevadas registadas num determinado ponto do planeta e num dia específico não são suficientes para provar nem um aquecimento, nem um arrefecimento global, tal como o Polígrafo já verificou anteriormente.
Aliás, um relatório do Painel Internacional da ONU para as Alterações Climáticas (IPCC) prevê que “as alterações climáticas e eventos extremos relacionados aumentarão significativamente os problemas de saúde e as mortes prematuras de curto a longo prazo” e que, “globalmente, a exposição da população às ondas de calor continuará a aumentar com o aquecimento adicional”, notou também anteriormente o Polígrafo.
Vale ainda a pena destacar que a temperatura é geralmente medida à sombra e que, ao sol, as medições podem atingir valores mais altos do que a real temperatura do ar. Será por esse motivo que o jornal menciona “68,2 graus ao sol”, um número irreal que não deve ser comparado com os valores registados agora.
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Avaliação do Polígrafo: