“Neste gráfico podemos ver o crescimento da Irlanda vs. Portugal. Em 1995 estavam ao mesmo nível, passados 28 anos a Irlanda é dos países mais ricos da UE e Portugal continua na cauda. Nos 28 anos fomos governados 21 pelo PS e quatro pela Troika chamada pelo PS. Não funciona Pedro [Nuno Santos]”, realça-se num tweet datado de 4 de março.
Apresenta um gráfico com dados sobre a evolução do crescimento económico da Irlanda e de Portugal, no período de 1986 a 2023, em que a Irlanda exibe um crescimento acentuado a partir de 1995 e Portugal se mantém praticamente estagnado.
O gráfico tem origem num artigo de opinião publicado no dia 20 de fevereiro no jornal “Eco” e assinado pelo economista e deputado do PS, Joaquim Miranda Sarmento, com o seguinte título em destaque: “Os fracassos de 30 anos de PS.”
Fazendo uma análise às políticas do PS na economia e de que forma isso impediu o país de crescer, o artigo acaba por indicar o exemplo da Irlanda que se situava mais ao menos ao mesmo nível de Portugal na década de 1980. Desde então, “tendo como base 100 o ano de 1986 (entrada de Portugal na então CEE)”, a comparação com a economia irlandesa “mostra a brutal divergência de crescimento a partir de 1995“.
Em termos de percentagem de crescimento anual, a partir de dados do Banco Mundial, confirma-se que o crescimento da Irlanda se distanciou do crescimento português a partir dos anos 90, começando a convergir novamente ao mesmo nível a meio da primeira década do século XXI e separando-se novamente em 2015, quando a Irlanda disparou para um crescimento de 24,5% e Portugal registou apenas 1,8%.
Utilizando a base de cálculo indicada por Miranda Sarmento, Portugal cresceu cerca de 76% entre 1986 e 2022 e a Irlanda registou um crescimento de 214%. Já se se olhar para o crescimento do PIB per capita (em percentagem anual), e utilizando a mesma fórmula estatística, verifica-se que Portugal cresceu cerca de 89% e a Irlanda 176%, ou seja, praticamente o dobro do crescimento.
Confirma-se, de facto, um crescimento acentuado irlandês, mas a comparação deve ter outros elementos em conta. Isto porque a Irlanda conseguiu aquilo que muitos chamam de “milagre económico” em 2015 devido à mudança de algumas empresas multinacionais para o país.
Esta questão é explicada num artigo publicado no jornal “Financial Post” em que se indica que “a Irlanda também beneficiou imensamente do grande número de empresas estrangeiras que a escolheram como local para a expansão europeia – principalmente devido a uma taxa de imposto sobre as sociedades incrivelmente baixa de 12,5%“.
Algumas dessas grandes empresas foram listadas pelo jornal “The Guardian” em 2015 e também referidas no “Financial Post”: Intel, Boston Scientific, Dell, Pfizer, Google, Hewlett Packard, Facebook, Johnson and Johnson, Airbnb, Google e Microsoft.
“Sete das 10 maiores empresas no país são empresas estrangeiras”, aponta o artigo publicado em 2016 no “Financial Post”.
Desde este alegado “milagre” que a Irlanda é frequentemente acusada de ser um “paraíso fiscal” e, por isso, existem várias grandes empresas que migraram para o país para evitar impostos mais elevados nos seus países de origem.
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