“O exército russo está a retirar circuitos integrados de máquinas de lavar louça e frigoríficos para reparar o seu equipamento militar porque já não tem semicondutores. A indústria da Rússia está numa situação crítica". As declarações foram proferidas em 2022, no contexto do debate sobre o Estado da União em 2022, pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tentando assim demonstrar as dificuldades que estavam a ser sentidas pelas tropas russas no âmbito da sua invasão da Ucrânia.

Esta posição da chefe do Executivo comunitário levou um utilizador do Facebook, cerca de um ano depois, a tecer críticas ao principal rosto da Comissão Europeia na rede social: “Após um ano do delírio, da apoiante do regime uronazi, não quer comentar como é que, passado apenas um ano, a Zona Euro está em profunda recessão, enquanto na Rússia o PIB (Produto Interno Bruto) está a crescer."

Mas será que as alegações de que a “Zona Euro está em profunda recessão, enquanto na Rússia o PIB está a crescer”, têm qualquer fundamento?

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Olhemos primeiro para o caso da Rússia. Uma estatística recente do serviço estatal de estatísticas do país, o Rosstat, aqui citada pela agência de notícias Interfax, informou que o PIB russo aumentou 4,9% no segundo trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022 - o que parece comprovar o que alegado no post analisado.

Além disso, uma nova previsão do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), prevê que a economia russa deverá, de facto, registar um crescimento de 1,5% em 2023 - apesar das consequências da investida militar do país em território ucraniano. Trata-se de uma percentagem que iguala as mais recentes previsões do FMI (Fundo Monetário Internacional), divulgadas em julho, depois de um ano de contração da economia russa em 2022 (-2,1%).

Esta entidade também já revelou, entretanto, as suas previsões económicas para a Zona Euro. Apesar de abaixo do registado no conjunto de 2022 - período em que se registou um crescimento de 3,5% -, tudo indica que a união monetária apresente um resultado positivo de 0,9% na globalidade do ano ainda em curso.

Por sua vez, os mais recentes indicadores do Eurostat, o serviço de estatísticas da União Europeia, mostram que, no segundo trimestre deste ano, a economia da Zona Euro cresceu 0,1%, depois de um crescimento de igual ordem nos três meses anteriores.

Assim, se é facto que “na Rússia o PIB está a crescer”, a afirmação que dá conta de que “a Zona Euro está em profunda recessão” é inteiramente falsa, pois comprova-se a existência de crescimento (ainda que reduzido) ao nível do PIB.

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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto "EUROPA". O projeto foi cofinanciado pela União Europeia no âmbito do programa de subvenções do Parlamento Europeu no domínio da comunicação. O Parlamento Europeu não foi associado à sua preparação e não é de modo algum responsável pelos dados, informações ou pontos de vista expressos no contexto do projeto, nem está por eles vinculado, cabendo a responsabilidade dos mesmos, nos termos do direito aplicável, unicamente aos autores, às pessoas entrevistadas, aos editores ou aos difusores do programa. O Parlamento Europeu não pode, além disso, ser considerado responsável pelos prejuízos, diretos ou indiretos, que a realização do projeto possa causar.

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