“Salários mensais da SAD do FC Porto. Obrigado AVB!” A mensagem desta publicação no Facebook acompanha dois quadros com as despesas remuneratórias dos administradores da FC Porto SAD.
Um primeiro, intitulado “2023”, onde aparecem os nomes da equipa de Jorge Nuno Pinto da Costa e um total de 2,23 milhões de euros, e um segundo, sob a designação “2024”, com os nomes da administração liderada por André Villas-Boas e um somatório de 44.979 euros.
Os números são fidedignos?
Sim. Os dois quadros são transcritos de documentos oficiais do FC Porto, no caso, dos relatório e contas da FC Porto SAD das épocas 2022/23 e 2023/24, respetivamente.
O primeiro quadro, em cima, que está sob o título “2023”, é retirado do “Relatório e Contas 2022.2023 FC Porto – Futebol, SAD Contas Individuais” (página 168), apresentado em 13 outubro de 2023, e diz respeito à remuneração dos membros de conselho de administração da equipa liderada por Pinto da Costa no exercício da época desportiva 2022/23.
Já o segundo quadro, em baixo, com o título “2024”, integra o “Relatório e Contas 2023/24 FC Porto – Futebol, SAD” (página 285), foi divulgado a 31 de outubro passado e contabiliza as remunerações dos administradores da equipa chefiada por Villas-Boas de 28 de maio de 2024 a 30 de junho de 2024. Isto porque, em consequência das eleições realizadas a 27 de abril, os 5 administradores tomaram posse a 28 de maio, estando este exercício financeiro limitado a 30 de junho de 2024, uma vez que é referente à época 2023/24.
A remuneração do restante tempo de administração (de 1 de julho de 2023 a 27 de maio de 2024) pertence ainda à “era Pinto da Costa” e está tratada no quadro imediatamente a seguir do mesmo documento (página 286).
A contextualização dos quadros é verdadeira?
Não. Na publicação escreve-se “salários mensais da SAD do FC Porto.”, o que é falso, conforme acima demonstrado. Com efeito, os números da administração presidida por Pinto da Costa (“2023”) são de 1 ano inteiro, de 1 de julho de 2022 a 30 de junho de 2023 (incluindo 13.º e 14.º mês), ao passo que os da administração de Villas-Boas (“2024”) abrangem apenas 34 dias (28 de maio a 30 de junho de 2024) . Compara-se, assim, uma escala anual de encargos financeiros com uma escala mensal.
A nova administração do FC Porto vai custar efetivamente menos ao clube/SAD?
Sim, independentemente da apresentação enganadora das contas por parte da publicação aqui verificada (devido à referência a “salários mensais” e à natureza da própria comparação, com períodos temporais de duração muito distinta), o conselho de administração de Villas-Boas irá receber menos de metade do que o de Pinto da Costa.
Comparando, justamente, o relatório e contas 2022/23 (Pinto da Costa) com a ”Proposta de política de remuneração dos órgãos sociais”, apresentada (e aprovada) pela Comissão de Vencimentos, constata-se que:
– Villas-Boas dispensou qualquer remuneração, enquanto Pinto da Costa recebia salário anual de 672.000 euros;
– ainda em salários, a restante administração custava ao clube 1.351.000 euros e a atual deverá representar um encargo de 486.500 euros;
– a remuneração variável da “era Pinto da Costa”, por exemplo em 2022/23, representou 79% da remuneração fixa. Na equipa de Villas-Boas, esta rubrica tem o tecto de 75%.
Portanto, é falso que os valores apresentados na publicação sejam referentes a salários mensais das duas administrações do FC Porto. Comparam-se valores anuais (mandato de Pinto da Costa) com valores mensais (mandato de Villas-Boas). No entanto, com a substituição da liderança de Pinto da Costa pela de Villas-Boas, houve, de facto, uma redução substancial da despesa com remunerações atribuídas aos membros do conselho de administração.
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Avaliação do Polígrafo: