“De manhã, sentirá os coágulos dissolverem-se e correrem nas suas veias.” Eis a suposta citação, partilhada no Facebook, que tem vindo a ser atribuída ao cirurgião Eduardo Barroso. O qual estaria a promover assim um método até agora desconhecido para evitar o desenvolvimento destes aglomerados de células sanguíneas.
Segundo a alegação, acompanhada de uma fotografia deste profissional de saúde, indica-se que ele próprio teria recentemente promovido uma solução inovadora para evitar “derrames e ataques cardíacos”, a qual passaria pela “mistura” de uma “colher de chá de” uma qualquer substância – não especificada, pois a afirmação fica por concluir.
Associada à publicação encontra-se, ainda, uma hiperligação, que neste momento remete para uma página que já não está disponível, embora a sua identificação deixe em evidência um apelo ao leitor para que anote a alegada “receita” milagrosa.

Mas será que o cirurgião Eduardo Barroso tem realmente promovido o consumo de uma “mistura”, à base de chá, capaz de “dissolver” os coágulos sanguíneos da pessoa que ingere a bebida?
Através de pesquisas em motores de busca não se encontram quaisquer notícias de órgãos de comunicação social credíveis que comprovem que Barroso terá proferido tais declarações.
Questionado pelo Polígrafo, o próprio Barroso confirma que não as proferiu, considerando ser “quase ofensivo” que tais palavras lhe estejam a ser atribuídas – já foi, inclusive, aconselhado por “amigos” a “fazer uma queixa” às autoridades competentes, pela associação indevida do seu nome a esta iniciativa.
Segundo revela o médico, facto é que tem recebido, nos últimos tempos, “imensos telefonemas para recomendar o chá” que estará a ser promovido através desta publicação nas redes sociais.
Já sobre a terapêutica que ele próprio segue para “evitar” o aparecimento destes “coágulos”, o cirurgião indica apenas tomar “todos os dias aspirinas”, visto que teve “um enfarte” em 2018.
E explica o racional médico na base dessa opção: “As pessoas tomam aspirinas porque são um fator de antiagregação das plaquetas, que é o que ajuda a formar os coágulos. E tomam-se antiagregantes plaquetários, dos quais o melhor e mais eficaz é a aspirina, exatamente para evitar que se formem coágulos que entupam as coronárias ou as carótidas.”
É, portanto, “muito importante, sobretudo para quem já teve um enfarte, ou quer prevenir um enfarte ou um AVC [Acidente Vascular Cerebral]”, a toma dessa “aspirina diária”, para “evitar que as plaquetas se agreguem e façam molhinhos, que são os trombos, que depois vão entupir” os já referidos vasos sanguíneos.
Barroso adverte que “não é preciso uma dose muito grande” para que esse objetivo seja conseguido: “Bastam 100 miligramas por dia”.
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Avaliação do Polígrafo: