“Jane Fonda assinou seu discurso de Melhor Atriz em 1979 porque o Óscar não oferecia legendas. O Óscar só começou a fornecer legendas em 2021“, garante uma publicação no Twitter de dia 28 de março. O tweet inclui parte do discurso da atriz, que nesse ano venceu a estatueta dourada pela sua interpretação no filme “O Regresso dos Heróis“, de Hal Ashby.
Num outro tweet do mesmo dia lê-se: “Precisou ter um filme com vários atores surdos para que tivesse essa acessibilidade na premiação do Óscar. Antes tarde do que nunca. Que tenha em todos os materiais da tv.” O internauta faz uma referência ao filme “Coda“, vencedor de Melhor Filme, para partilhar uma imagem onde se vê uma intérprete de língua gestual na transmissão em direto da 94.ª cerimónia dos Óscares no Youtube.
No entanto, não é verdade que a Academia de Hollywood tenha esperado por 2021 ou por um filme com um elenco maioritariamente surdo para disponibilizar legendas na transmissão ao vivo da cerimónia. A primeira vez que os Óscares tiveram legendas para surdos foi há 40 anos, a 29 de março de 1982. No site “Described and Captioned Media Program“, é mesmo referido que foi o primeiro programa ao vivo a fazê-lo. O Polígrafo encontrou ainda um artigo no jornal “The Washington Post“, de 30 de março de 1982, sobre a novidade.
Quanto ao discurso de Jane Fonda nos Óscares de 1979, a atriz nunca refere de forma direta que está a usar língua gestual no seu discurso porque a Academia não disponibiliza legendas. Ao aceitar a estatueta, a atriz afirma: “Estou a gestuar parte do que estou a dizer esta noite porque enquanto estávamos a rodar o filme [“O Regresso dos Heróis”] tivemos mais noção de algumas questões. Mais de 14 milhões de pessoas são surdas. Eles são invisíveis e não podem partilhar esta noite. Esta é a minha forma de os reconhecer.”
Na cerimónia dos Óscares deste ano, Troy Kotsur tornou-se o primeiro ator surdo a vencer o prémio na categoria de Melhor Ator Secundário e discursou em língua gestual, dedicando o filme à comunidade surda e à comunidade com deficiência. Antes dele, a sua parceira de elenco em “Coda”, Marlee Matlin, tinha conquistado o Óscar em 1988, pelo filme “Filhos de um Deus Menor”.
“Coda”, que foi considerado o Melhor Filme, é o remake de “A Família Bélier“, de Éric Lartigau. Realizado por Sian Heder, para a Apple TV, conta a história de uma família de surdos com uma filha adolescente que consegue ouvir.
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Avaliação do Polígrafo: