“Tudo isso planeado há décadas! Atualmente ouvimos falar da tal variante Ómicron. Tudo uma grande agenda e gozo com a população! Na imagem, um filme de 1963. Está escrito acima no cartaz “O dia que a Terra virou/tornou-se um cemitério”. “Mas é só mais uma coincidência das tantas que acontecem”. Se você pensa assim… quem sou eu para dizer o contrário, não é? Sou apenas um ‘teórica da conspiração'”, alerta uma publicação de 2 de dezembro.
No Facebook, o Polígrafo encontrou dezenas de posts semelhantes, em vários idiomas, que partilham o cartaz do suposto filme e alertam para a coincidência entre o nome da longa-metragem e a nova variante do coronavírus.
Mas será o filme autêntico? E o cartaz é real?
De facto, em 1963 foi lançado em Itália um filme chamado “Ómicron“, mas a sinopse nada tem a ver com a pandemia da Covid-19. O filme conta a história de um extraterrestre que controla o corpo de um ser humano para aprender factos sobre o planeta para, mais tarde, a sua raça dominar a Terra. O filme, realizado por Ugo Gregoretti, está disponível na íntegra no Youtube.
O cartaz que tem circulado nas redes sociais é manipulado. Na realidade, trata-se de uma montagem que utiliza um poster do filme “Phase IV“, de Saul Bass (sim, o mesmo que criou os famosos genéricos de “Psycho” ou “Intriga Internacional”). O filme de 1974 não está relacionado com a pandemia, pois conta a história de formigas no deserto que, de repente, formam uma inteligência coletiva e declaram guerra aos humanos.
A frase que faz parte do cartaz também pertence ao filme “Phase IV”: “O dia em que a Terra se tornou um cemitério”. O cartaz manipulado, como podemos ver nas imagens abaixo, foi criado por uma utilizadora no Twitter, que retirou os nomes originais de vários cartazes e substituiu por “A Variante Ómicron”.
A autora, que trabalha na área do cinema, criou ainda outros cartazes baseados em filmes antigos:
[twitter url=”https://twitter.com/BeckyCheatle/status/1464866651678117892″/]
O nome da variante do novo coronavírus, detetada inicialmente na África do Sul, vem da letra grega Ómicron. A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu designar as variantes do novo coronavírus, classificadas de interesse ou de preocupação, com letras do alfabeto grego como forma de evitar a nomeação “estigmatizante e discriminatória” do local onde foram detetadas.
Em suma, o filme de 1963 “Ómicron” existe, mas o cartaz que tem circulado na Internet não é o original do filme. Na realidade, trata-se de um de vários posters alterados por uma utilizadora que assumiu a sua autoria no Twitter. Não é a primeira vez que o Polígrafo verifica teorias sobre filmes antigos e a suposta relação com a pandemia da Covid-19.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
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