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Cine-Check. Filme “Eu sou a Lenda” passa-se em 2021 e os zombies foram criados por vacinas?

Cinema
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Desde o ano passado que circulam publicações nas redes sociais onde se alega que a ação do filme “Eu sou a Lenda”, realizado por Francis Lawrence, ocorre em 2021 e que a história é centrada num surto de zombies causado por uma vacina. É verdade?

“Lembre-se o filme ‘Eu sou a lenda’! Narra uma história que acontece no ano de 2021 depois de uma vacina que deu errado e as pessoas que a tomaram viraram zombies. Vou esperar para ver se as pessoas vão virar zombies”, afirma a autora da publicação, partilhada milhares de vezes desde 18 de janeiro.

Mas o filme passa-se mesmo em 2021? E qual a história desta longa-metragem?

O filme “Eu sou a Lenda” – que estreou em 2007 – é baseado num livro, com o mesmo nome, de Richard Matheson, publicado em 1954. Ambas as versões são apresentadas num futuro próximo, mas nenhuma acontece em 2021. No livro, a história tem lugar em Los Angeles em 1976. Na versão cinematográfica, ocorre na cidade de Nova Iorque em 2012.

O cientista Robert Neville – interpretado por Will Smith – acredita ser o último sobrevivente em Nova Iorque, depois de um vírus mortal criado pelo homem se propagar. Neville é imune ao vírus, sem saber como, e passa o seu tempo à procura de outros humanos e a tentar encontrar uma cura.

A doença que atingiu a população não foi causada por uma vacina, mas sim pela versão geneticamente modificada do vírus do sarampo. Inicialmente este vírus foi criado para curar o cancro, mas sofreu uma mutação e tornou-se letal. Instalou-se uma pandemia que matava 90 por cento dos infetados e transformava 9 por cento em vampiros, e não zombies.

Tanto no livro como no filme, as pessoas infetadas por este vírus começam por ter sintomas de raiva, antes de se transformarem em criaturas semelhantes a vampiros, designados por “procuradores da escuridão” (darkseekers, em inglês).

Circulam nas redes sociais dezenas de publicações que partilham um suposto cartaz de um filme italiano de 1963, chamado "A Variante Ómicron". A maioria dos utilizadores alerta para a coincidência do nome e estabelece comparações com a pandemia atual. Mas será o filme autêntico? E o cartaz?

O nome que lhes é atribuído tem uma justificação: estas criaturas não sobrevivem se forem expostas à luz do sol, pelo que permanecem escondidas durante o dia e saem para caçar entre o anoitecer e o amanhecer. Contrariamente, Robert Neville e o seu fiel cão, Sam, fecham-se a sete chaves num apartamento durante a noite e saem de dia, quando já é seguro.

No livro, a origem da doença é desconhecida e o protagonista passa grande parte da história à procura de uma cura. A certa altura, depois de examinar o sangue de uma mulher, descobre que a peste foi causada por uma infeção bacteriana, e chama o germe de “vampiris”.

Em suma, seja o livro ou o filme, “Eu Sou Lenda” não se passa em 2021 e os vampiros – não os zombies – não foram criados por uma vacina, como afirmam as teorias da conspiração.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

 

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