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Cine-Check. Atriz do filme “007 – Contra Goldfinger” podia ter morrido por “asfixia cutânea”?

Cinema
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
A cena do terceiro filme da saga “007”, na qual aparece a personagem Jill Masterson coberta de tinta dourada e morta numa cama, é uma das mais emblemáticas do cinema. O filme estreou em 1964 e durante alguns anos acreditou-se que era possível morrer da mesma forma que a personagem e chegou a dizer-se que a atriz não tinha sobrevivido.

O Polígrafo até deixaria aqui um aviso de spoiler, mas o filme tem quase seis décadas. A personagem interpretada por Shirley Eaton em “007 – Contra Goldfinger” morre logo no início por “asfixia cutânea”, depois de cobrirem o seu corpo todo com tinta dourada. Durante a gravação do filme, nos anos 60, os produtores acreditavam mesmo que havia perigo para a saúde da atriz e chegou-se a espalhar o boato que Eaton tinha morrido nas filmagens.

“Feliz aniversário a Shirley Eaton, que interpretou Jill Masterson em ‘Goldfinger’. Os relatos da sua morte no set (por asfixia) foram muito exagerados”, afirmou-se no Facebook, no dia 12 de janeiro do ano passado.

“Ela morreu de asfixia cutânea”, diz James Bond, interpretado por Sean Connery a M, interpretado por Bernard Lee, numa das cenas do filme. “É sabido que isto acontece aos dançarinos de cabaré. Está tudo bem, desde que se deixe uma pequena mancha nua na base da coluna para permitir que a pele respire”.

Quando Shirley Eaton foi coberta com tinta para a cena do “cadáver dourado”, os produtores levaram alguns médicos para o estúdio para garantirem que a tinta não provocava nenhum efeito adverso. Além disso, deixaram um espaço por pintar no abdómen da atriz como precaução, para permitir que a sua pele “respirasse”.

Tal como a plataforma de fact-checkingSnopes” investigou, embora ainda se acreditasse amplamente na altura, que nós “respiramos” através da pele e que fechar todos os poros do nosso corpo resultaria numa morte rápida, sabe-se atualmente que isto é falso. Já foi esclarecido que ninguém pode morrer de asfixia da forma como é retratada em “007 – Contra Goldfinger”.

A verdade é que, enquanto uma pessoa puder respirar pela boca e/ou nariz, não morrerá por asfixia, por mais que o seu corpo esteja coberto de tinta ou qualquer outra substância. Isto não quer dizer que a tinta em si não seja perigosa, uma vez que entupir todos poros impede a pele de transpirar e pode eventualmente causar a morte por sobreaquecimento.

A atriz não morreu nem ficou doente por causa da cena icónica. Shirley Eaton fez mais alguns filmes antes de deixar a representação, para passar mais tempo com a sua família. Atualmente, a atriz tem 85 anos.

Curiosamente, “007 – Contra Goldfinger” não foi o primeiro filme a apresentar uma personagem a ser morta por estar coberta com tinta dourada. O filme “A Casa Sinistra” (título original “Bedlam”) de Boris Karloff ilustrou algo semelhante em 1946.

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Avaliação do Polígrafo:

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