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Cientistas foram assassinados após a queda do governo de Bashar al-Assad na Síria?

Internacional
O que está em causa?
Estão a circular, em diversas redes sociais, publicações que dão conta do assassinato de cientistas após a queda do governo de Bashar al-Assad. Serão estes crimes reais?

Em várias publicações na rede social X/Twitter afirma-se que dois cientistas foram assassinados após a queda do regime sírio de Bashar al-Assad. Num dos tweets, datado de 11 de dezembro, o autor escreve na legenda que “no espaço de tempo de 24 horas, dois cientistas foram assassinados em Damasco”, em tradução livre a partir da língua alemã. Refere, ainda, que tanto uma microbióloga, Zahra Hemsiva, como um químico de nome Hamdi Ismail Nada, foram assassinados com tiros na cabeça nas suas próprias casas.

Também na rede social Instagram, numa publicação feita no dia 10 de dezembro, é possível ler: “A Dra. Zahra Hemsiva, uma microbióloga síria de renome, foi assassinada em casa com duas balas na cabeça”. Ainda na legenda, a autora atribui a responsabilidade deste alegado assassinato aos Serviços Secretos Israelitas (“Mossad”). Mais alega que a “Mossad” consiste numa “força colonial conhecida por se aproveitar da instabilidade para eliminar figuras-chave em nações oprimidas” ou “mentes brilhantes”, com o objetivo de enfraquece-las e “coloniza-las”.

No entanto, de acordo com o “Deutsche Welle“, a alegação é falsa e a mulher nem sequer existe. Através do uso da ferramenta de pesquisa de imagem reversa Tineye, o Polígrafo verificou que a mulher da fotografia, a suposta cientista Zahra Hemsiva, chama-se, afinal, Shadia Habbal e trabalha como astrónoma na Universidade do Hawaii, nos Estados Unidos da América. O Polígrafo pesquisou, também, o nome “Zahra Hemsiva”, referido pela autora do “post”, e não se encontraram registos.

Ao contrário da falsa microbióloga, o homem que, nas publicações, dizem tratar-se de um químico chamado Hamdi Ismail Nada, existe. Foi possível encontrar um utilizador na rede social Facebook com este nome e com a mesma fisionomia. No entanto, o perfil encontrado não corresponde ao do alegado químico sírio assassinado. Trata-se de um médico egípcio de 74 anos que, segundo as suas próprias palavras face a esta situação, esteve pela última vez em Damasco há 9 anos, numa viagem de trabalho. Este homem partilhou, inclusivamente, um artigo na sua página de Facebook, no qual se esclarece o facto de a imagem dele ter sido usada e divulgada indevidamente.

Conclui-se, assim, que a alegação é falsa.

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Avaliação do Polígrafo:

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