“Sou bombeiro profissional no RSB [Regimento de Sapadores Bombeiros] em Lisboa há mais de uma década e estou aqui na rua Emília das Neves, junto ao número 8, onde temos informações de que o nosso primeiro-ministro desmobilizou material do RSB para fazer escoamento de águas ao prédio do qual António Costa é dono. Acho que isto é uma vergonha, é vergonhoso o que está a acontecer, Lisboa inteira aflita, nós temos loja sim, loja sim inundada e o nosso primeiro-ministro dá ordens ou as ordens foram dadas para que o prédio do primeiro-ministro tivesse prioridade sobre todas as pessoas e todos os cidadãos de Lisboa.”, ouve-se na gravação de voz que está a ser difundida na rede social WhatsApp.
“Acho que é uma vergonha, devia chegar aos ouvidos de qualquer outro partido, principalmente do Chega, e isto tinha de estar a ser passado nas televisões porque mais uma vez é a prepotência de um primeiro-ministro. Impensável o que está a acontecer, isto revolta-me imenso. Toda a gente está aflita, Lisboa inteira está aflita, são prejuízos de milhões e o nosso primeiro-ministro quer o seu prédio e as suas garagens com a água esgotada quando podia muito bem pagar a uma empresa privada para fazer o esgotamento”, prossegue o autor da denúncia, partilhada viralmente desde ontem, dia 8 de dezembro.
“Retira material do RSB para que a sua garagem seja esgotada. Quem puder fazer alguma coisa e quem puder enviar este áudio, eu vou enviar também a foto do prédio, se conseguirem realmente confirmar que este prédio, que o dono do prédio é o António Costa, por favor quem puder faça alguma coisa e partilhem isto com todas as pessoas que conhecem“, conclui.
Do WhatsApp já saltou entretanto para o Facebook, sem a gravação de voz, propagando a seguinte descrição em que se acrescentam elementos novos: “Recebi uma mensagem áudio de um bombeiro do RSB de Lisboa, diz que receberam ordem para deixar o que estavam a fazer durante o aguaceiro para tirarem água da garagem de um tal António Costa…”
Esta denúncia é verdadeira?
O Polígrafo contactou o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSBL), questionando sobre se foram mobilizados meios para a rua Emília das Neves. Na resposta, o RSBL informa que ao longo de quinta-feira, dia 8 de dezembro, houve “imensas ocorrências para essa rua, nem faz sentido dizer se foi às 12h, 9h ou 10h, foi uma série de situações que os Sapadores foram resolvendo“.
Quanto a uma suposta prioridade concedida a alguma das ocorrências, como se acusa no áudio, o RSBL explica que “existe uma triagem e essa triagem é efetuada e é-lhe dada uma prioridade como a qualquer outro cidadão, mediante o que é descrito pela pessoa que nos liga e é feita uma avaliação sobre essa condição, tal e qual como se faz numa urgência de hospital”.
Relativamente a estragos no local, “houve danos muito grandes em vários edifícios que terão de ser levantados pelos proprietários se assim o entenderem”.
Por sua vez, o gabinete do primeiro-ministro começa por esclarecer que “António Costa não é dono do prédio, é inquilino de uma das frações do prédio”.
“António Costa não contactou o Regimento de Sapadores Bombeiros, não contactou a Câmara Municipal de Lisboa ou quem quer que seja desses serviços. O vizinho, que é administrador do condomínio, contactou uma empresa e os bombeiros que ontem à tarde, ou seja quinta-feira à tarde [8 de dezembro], estiveram a tirar a água da garagem, tal como andaram o dia todo a fazer em vários prédios da rua e proximidades”, garante.
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Avaliação do Polígrafo: