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O maior avião de passageiros do mundo, aspirante a “rei dos céus”, chegou ao fim. Verdadeiro ou falso?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Várias notícias dão praticamente como certo o fim da construção do maior avião comercial do planeta, o Airbus A380. Vendas abaixo do esperado, maus resultados ao nível da eficiência e dificuldades de operação têm fragilizado a rota da aeronave. Podem, aliás, matar uma encomenda de 20 unidades deste tipo, por parte da companhia Emirates, um negócio dado como indispensável para uma sentença de vida ao superjumbo. Será verdade, mentira ou ainda muito cedo para tirar conclusões sobre o futuro daquele que foi considerado um dos mais ambiciosos projetos da aviação civil?

É certo que a expansão do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, vai avançar. O aumento prevê que a infraestrutura venha a ficar capacitada para receber o maior avião de passageiros do mundo, o Airbus A380. O que é menos certo é que a aeronave alguma vez pouse na capital portuguesa. Isto porque o fim do projeto de sonho da Airbus, que começou a ser desenhado nos anos 90, parece ter um fim iminente.

Na base da especulação, que tem sido amplamente noticiada e discutida em fóruns de aviação, está um conflito negocial entre a fabricante francesa de aviões e a Emirates. Em 2018, a companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos confirmou uma encomenda de 20 aviões deste modelo, mas agora pode recuar e cancelar o pedido. A Airbus já confirmou que está em negociações com a companhia do médio oriente, mas não revelou qualquer tipo de pormenor.

A agência Reuters garante que é provável que, a qualquer momento, a encomenda seja cancelada e substituída por Airbus A350, um avião mais pequeno, mas mais eficiente e com custos de operação consideravelmente menores. Nesse caso, a produção do A380 pode chegar ao fim, sobretudo depois de, nos últimos dias, a companhia aérea australiana Qantas ter cancelado oficialmente um pedido de oito aviões.

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Os dois episódios vêm agravar a dor de cabeça financeira que tem sido o fabrico da aeronave de dois andares. No ano passado, o diretor comercial da Airbus já tinha deixado no ar algumas palavras fatalistas: “Se não conseguirmos chegar a um acordo com a Emirates não haverá escolha a não ser acabar com o programa de construção do avião”, disse John Leahy, que entretanto também deixou o cargo na empresa com sede em Toulouse.

Ainda assim, a Emirates não será a única responsável caso o A380 não chegue à categoria de rei dos céus, o destino que lhe traçaram os inventores. Aliás, a companhia é, neste momento, o maior operador a nível global.

É preciso recuar no tempo para perceber que já não é nova a maldição que parece estar a cair sobre o concorrente direto do Boeing 747. Em 2007, quando começou a voar, estimava-se a venda de 1200 unidades. Mais de dez anos depois, descolaram apenas 234 da fábrica de Toulouse. A empresa também previa que o avião chegasse a todos os continentes, presságio que não se verificou. Por exemplo, na América nenhuma companhia se interessou pelo gigante dos ares. Aliás, legalmente, os aeroportos do Brasil nem reúnem condições para o receber. Mas os pontos fracos não ficam por aqui: o avião custa praticamente 400 milhões de euros e as companhias têm-se queixado que só conseguem lucros, caso os mais de 500 lugares da aeronave façam voos completamente preenchidos.

Além disso, ao mesmo tempo que a Airbus lançava este projeto, a concorrente norte-americana Boeing criava o modelo 787, uma aeronave mais pequena, mas mais eficiente, que poderia ser usada em voos de todo o tipo, desde os regionais aos de longo curso.

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Perante a forte concorrência, o número de aviões entregues tem vindo a diminuir. Em 2018, a empresa francesa vendeu apenas 12, menos de metade dos 27 que pôs a voar em 2015. Mais: as empresas que compraram o avião já ponderam desfazer-se dele. A Malaysia Airlines retirou as seis aeronaves que opera da frota principal, usa-as apenas em momentos de maior procura ou para voos fretados, enquanto não encontra comprador para os aparelhos. A Air France, que tem dez aeronaves deste modelo, está a ponderar livrar-se de metade da frota. Dois A380 saídos da frota da Singapore Airlines, por ter expirado o contrato de leasing, não encontraram novo dono e foram desmantelados, apenas dez anos depois de fazerem o voo inaugural. A companhia de Singapura, a primeira a operar o superjumbo, desfez-se, no total, de cinco aparelhos. Apesar de todos terem sido substituídos por aviões iguais, novos, duas unidades ainda estão à espera de um novo dono. O único aparelho retirado da companhia asiática a ter sorte, para já, foi aquele que foi comprado pela companhia portuguesa HiFly.

Mas, calma, mesmo sendo um bicho de sete cabeças para as operadoras aéreas, o A380 é muito elogiado entre os passageiros. Além do espaço e do conforto que proporciona a quem nele voa, mesmo nos lugares da classe económica, a aeronave tem um bar e até um lounge para os viajantes conviverem. O espaço interior é do tamanho de três campos de ténis, pesa mais de 500 toneladas e exige 25 comissários de bordo para ser operado. É capaz de voar 14 mil km sem escalas.

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É uma realidade. O fim do Airbus A380 pode chegar, mas não é, para já, certo. Depende, sobretudo, da decisão final da Emirates sobre a encomenda dos 20 aviões. Caso o negócio prossiga, a construção da aeronave mantém-se, pelo menos, até 2030, e vai dar emprego a cerca de três mil pessoas. Em caso negativo, o mais provável é mesmo que o A380 faça um desvio da rota da rota inicial e aterre muito antes de chegar ao destino previsto.

Mesmo que o fim esteja para breve, não desesperem os fãs da aviação comercial. Os aviões das 14 companhias aéreas que, a nível mundial, os operam vão continuar a ser vistos nos ares e nos maiores aeroportos do mundo, pelo menos, nos próximos anos.

Avaliação do Poligrafo:

 

 

 

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