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Chega queria ouvir “com urgência” a secretária que marcou consulta das gémeas luso-brasileiras, mas faltou à votação do seu próprio requerimento? (Atualizado)

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Pedido do partido ficou adiado para esta quarta-feira, mas Chega já teve tempo de acusar a oposição de não querer ouvir a secretária do Ministério da Saúde que terá marcado a consulta das gémeas luso-brasileiras. Na verdade, foram os seus deputados que faltaram à apresentação do requerimento.

Há precisamente uma semana, a 3 de janeiro, o Chega levava à Comissão de Saúde um pedido de “audição urgente da secretária mencionada no relatório de auditoria interna do Hospital de Santa Maria, sobre o caso das gémeas”. Num documento assinado por Pedro dos Santos Frazão e Filipe Melo, o partido afirmava que “a secretária de António Lacerda Sales teria sido responsável por efetuar um telefonema para o Hospital de Santa Maria, solicitando a marcação da primeira consulta para as gémeas luso-brasileiras”.

“Apesar da falta de registo interno do hospital quanto ao nome da secretária em questão, a diretora do Departamento de Pediatria encaminhou um pedido de autorização ao conselho de administração, que, por sua vez, autorizou a marcação da consulta”, lê-se no requerimento, onde os dois deputados pediam a “convocação da referida secretária para prestar esclarecimentos perante esta Comissão de Saúde, a fim de apresentar informações precisas sobre o episódio em questão”.

Apesar da alegada “urgência” e até do carácter de “interesse público” que Melo e Frazão atribuíram à audição, o pedido do Chega ainda não foi sequer votado. E porquê? Porque nenhum representante do Chega estava presente quando o ponto ia ser discutido. A discussão foi, assim, adiada para hoje.

Apesar de o atraso ter sido provocado pelo próprio partido, as declarações de André Ventura precisamente a 3 de janeiro empurram a culpa para o PS e PSD: “Dá a ideia, quando vemos a atitude do PS e do PSD, nesta matéria, que os dois estão a tentar evitar o maior numero possível de audições sobre o caso das gémeas. Devíamos estar a potenciar que toda a verdade fosse esclarecida antes de começar o período da campanha eleitoral, quer a nível regional, quer a nível nacional. E não é isso que tem acontecido.”

Miguel Santos, do PSD, não se escusou a esclarecer a posição dos sociais-democratas. Afinal, estivesse o Chega presente, o voto teria sido favorável: “Apesar de ser estranho, [a audição] contaria com o voto favorável do PSD.”

Pouco depois da publicação deste texto, a partido Chega remeteu ao Polígrafo um esclarecimento em que indica que o deputado Pedro dos Santos Frazão se ausentou, pouco antes da discussão do requerimento, para estar presente nas votações da Comissão de Agricultura. O partido garante que a sala foi alertada através dos seus assessores e que foi pedido um tempo de espera, que não foi aceite.

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Nota Editorial: Artigo atualizado às 12h51 para acrescentar declarações do partido Chega, pedidas dois dias antes da publicação do texto mas fornecidas apenas uma hora depois da publicação do artigo. Tendo em conta a justificação do partido, a avaliação alterou-se de “Verdadeiro” para “Verdadeiro, Mas…”.

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Avaliação do Polígrafo:

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