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CEOs das empresas do PSI ganham mais 47% e trabalhadores menos 0,7% face a 2012?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em entrevista à CNN Portugal, a nova líder bloquista sublinhou o alegado fosso salarial entre administradores e trabalhadores das empresas cotadas no Portuguese Stock Index (PSI). Se os primeiros auferem mais 47% do que há dez anos, os segundos recebem menos 0,7%. Confirma-se?

Mariana Mortágua esteve ontem na CNN Portugal para a primeira entrevista como coordenadora do Bloco, cargo para o qual foi eleita na Convenção do partido este fim-de-semana, em Lisboa. Sobre objetivos políticos, a deputada bloquista frisou que quer deixar o Chega e o Iniciativa Liberal para trás e constituir-se como terceira força política em Portugal.

Tarefa menos díficil, assegurou Mortágua, tendo em conta o papel do Governo socialista nos últimos anos, que é, no seu entender, “incapaz de responder aos problemas do país”. E deixou um aviso: “Se o PS espera contar com o medo das pessoas para continuar a degradar a vida pública e social, vamos ter um mau resultado“.

Sobre problemas de fundo, a líder do Bloco destacou que, “nos últimos 10 anos, os salários dos administradores das empresas do PSI-20 aumentaram 47%”, ao passo que “os salários dos trabalhadores dessas empresas reduziram 0,7%”.

Tem razão?

Sim. Estes dados foram trabalhados e noticiados pelo jornal “Expresso” a 13 de abril deste ano. Numa análise aos relatórios e contas de 14 das 15 empresas que integram atualmente o principal índice da bolsa portuguesa, o jornal constatou que os presidentes executivos (CEOs) das empresas cotadas no índice PSI (antigo PSI-20) tiveram um aumento salarial de 47% entre 2012 e 2022.

No polo oposto estão os trabalhadores que, na última década, viram o seu vencimento médio bruto anual reduzido em 0,7%. Aliás, notou o “Expresso” no mesmo artigo, “há mesmo casos em que o salário de 186 trabalhadores não chega para pagar o do seu CEO”. No total, contabilizando as remunerações dos CEOs das empresas cotadas no índice PSI, foram pagos mais de 17,5 milhões de euros a estes administradores em 2022.

As empresas que lideram a disparidade salarial entre trabalhadores e CEOs são a Jerónimo Martins e a Sonae. Só no primeiro caso, e de acordo com o último “Relatório de Governo da Sociedade“, referente a 2022, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, obteve 1,16 milhões de euros de remuneração fixa, aos quais se somam 1,82 milhões de euros de remuneração variável e ainda 740.833 euros de “contribuições ordinárias para Plano de Pensões”.

Contas feitas, só no ano passado Pedro Soares dos Santos coletou 3.720.833 euros. Em 2012, ou seja, há uma década, o CEO tinha recebido um total de 1.211.662 de euros. Em percentagem, o aumento foi de 207%.

Já no caso da Sonae, e de acordo com o último “Relatório do Governo da Sociedade“, também referente a 2022, Cláudia Azevedo, presidente da Comissão Executiva da empresa, recebeu 514.800 euros de remuneração fixa, mais 544.200 euros de Prémio Variável de Curto Prazo (PVCP) e ainda 544.200 euros de Prémio Variável de Médio Prazo (PVMP). Remuneração total: 1.603.200 euros. Há 10 anos, o valor total auferido por Cláudia Azevedo totalizava 310.836 euros. Em percentagem, a CEO foi aumentada em 416%.

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Avaliação do Polígrafo:

 

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