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Centro de Dados da Covilhã, “um dos 10 maiores do mundo”, está à venda por 100 milhões de euros?

Política
O que está em causa?
O novo Centro de Dados (ou "Data Center") que está a ser construído em Sines, baseado num investimento de 3,5 mil milhões de euros, é um dos negócios sob investigação do Ministério Público que levou à queda do Governo de António Costa. Nas redes sociais há quem lembre que um outro Centro de Dados já existente na Covilhã, inaugurado pela Portugal Telecom de Zeinal Bava em 2013, está à venda por 100 milhões de euros. E questiona-se sobre "o racional de gastar 3,5 mil milhões num novo".

“Há cerca de cinco meses foi notícia que o Data Center da Covilhã era um dos 10 maiores do mundo. Foi noticiado que estava à venda por 100 milhões de euros e ainda sem interessados. Acresce que o monumental parque de estacionamento está sempre quase vazio (passo lá com regularidade)”, começa por se salientar num post de 12 de novembro no Facebook, remetido ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.

“Agora está em fase de implementação um novo que dizem que vai criar 1.200 postos de trabalho diretos e 8.000 indiretos. Para estacionar a viatura vai ser necessário ir até Porto Covo”, acrescenta-se, em referência ao novo Centro de Dados que está a ser construído em Sines, baseado num investimento de 3,5 mil milhões de euros, precisamente um dos negócios sob investigação do Ministério Público – no âmbito da “Operação Influencer” – que levou à queda do Governo de António Costa.

“A minha dúvida é simples: se um dos 10 maiores do mundo está à venda por 100 milhões de euros, qual o racional de gastar 3,5 mil milhões num novo? Espero que fundos para tal não venham da banca nacional. Numa coisa concedo: para já está a contribuir para um melhor conhecimento dos que nos governam”, conclui o autor da publicação em causa.

A par de negócios relacionados com o lítio e o hidrogénio verde, o Centro de Dados localizado na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), da empresa Start Campus, com um plano de investimento de 3,5 mil milhões de euros, está no centro da polémica da “Operação Influencer”.

Por seu lado, o Centro de Dados localizado na Covilhã foi inaugurado em setembro de 2013 por Zeinal Bava, então presidente executivo da Portugal Telecom (rebaptizada como Altice Portugal em 2018, após a aquisição pela Altice em 2015).

“Projetado para ser um dos 10 maiores do mundo, o Centro de Dados da Covilhã ficou aquém das expectativas, tem hoje 200 trabalhadores e mantém praticamente a mesma dimensão com que arrancou há 10 anos quando foi inaugurado – controlado pela Altice Portugal está há uns meses à venda”, noticiou entretanto o jornal “Expresso”, na edição de 17 de novembro.

“A competir no mesmo mercado, o mediático Start Campus, em Sines, o negócio no centro da investigação ‘Operação Influencer’, nasce sob o mesmo signo da ambição: criar 1.200 postos de trabalho (mais 8.000 indiretos) até 2028, num investimento estimado pelos promotores em 3,5 mil milhões de euros. Um passo de gigante face aos 100 milhões de euros que acabaram por ser investidos no Centro de Dados da Covilhã, que previa construir quatro blocos de edifícios (para encher à medida que a procura fosse aumentando) e acabou por ficar pelo primeiro”, comparou o jornal.

“O Centro de Dados da Altice Portugal, o último grande projeto de Zeinal Bava, inaugurado em setembro de 2013, ainda é o maior do país, com uma capacidade de 20 megawatts. O primeiro bloco do Centro de Dados de Sines, cujos primeiros clientes chegaram em outubro, ainda não está terminado, mas quando estiver fica com 15 megawatts”, informou.

Sim, confirma-se que o Centro de Dados da Covilhã está à venda. Em junho deste ano, o “Jornal Económico” noticiou que a Altice Portugal já tinha iniciado “um processo competitivo de venda do seu Centro de Dados da Covilhã” e que já existiam “vários interessados”. Transação essa que estava a ser negociada, de facto, “por mais de 100 milhões” de euros.

Na altura, o mesmo jornal revelou que o fundo Horizon Equity Partners – liderado por Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Comunicações, e Nuno Alves – seria “o melhor posicionado” para efetuar a compra e que o “acordo de venda” deveria ser “assinado até ao início de julho”.

Mas segundo apurou mais recentemente o “Expresso”, essa venda ainda não foi concretizada: “O Centro de Dados  da Covilhã está neste momento à venda, e o negócio esteve prestes a ser fechado – um fundo liderado pelo ex-secretário de Estado das Comunicações, Sérgio Monteiro, era o candidato mais forte -, mas está agora suspenso, à espera que o turbilhão que tomou conta da Altice Portugal acalme”.

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Avaliação do Polígrafo:

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