Em declarações ao jornal “Financial Times”, no âmbito de um artigo de fundo (publicado na edição de 10 de abril) sobre a recente evolução económica, financeira e política de Portugal, o ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou que a suposta viragem da austeridade implementada pelo atual Governo do PS “não foi dramática“.
Nesse mesmo artigo, Centeno sublinhou que o crescimento económico no final de 2015 era “muito pobre” e estava a “desacelerar”. Como tal, “uma mudança tinha que ser implementada, mas não uma grande mudança. Suspeito de muito de visionários que pensam saber o suficiente para lidar com grandes máquinas. Eu tenho receio de grandes máquinas”, declarou o ministro das Finanças.
É verdade que o crescimento económico no final de 2015 era “muito pobre” e estava a “desacelerar”?
Ora, em fevereiro de 2016, o Instituto Nacional de Estatística (INE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresceu 1,5% no conjunto de 2015 e 0,2% no último trimestre desse ano, face aos três meses anteriores em cadeia. Também de acordo com os dados do INE, a economia portuguesa cresceu 1,3% no quarto trimestre de 2015, em termos homólogos, variação de 1,4% no trimestre anterior.
Quanto ao primeiro trimestre de 2016, o INE indicou (em maio de 2016) que o PIB cresceu 0,9% em termos homólogos e 0,2% face ao trimestre anterior.
Contudo, estes números acabaram por ser posteriormente revistos. No conjunto de cada ano, segundo o INE, o PIB português cresceu 1,82% em 2015, 1,93% em 2016 e 2,8% em 2017.

Na medida em que o PIB tinha crescido apenas 0,89% em 2014, saltando para 1,82% em 2015, a declaração de Centeno tem que se classificada como falsa. O crescimento económico no final de 2015 não era “muito pobre” e não estava a “desacelerar”, pelo menos em comparação com o ano anterior. E no quarto trimestre de 2015, mais especificamente, a economia portuguesa cresceu 1,3%, como apurou o INE.
Aliás, também não se registou uma aceleração significativa do crescimento económico em 2016 (o primeiro ano inteiro em funções do atual Governo do PS, o qual tomou posse em novembro de 2015), tendo passado de 1,82% para 1,93%. Ou seja, o ritmo de crescimento económico manteve-se praticamente no mesmo nível após a mudança de Governo, tendo acelerado nos anos que se seguiram.
Avaliação do Polígrafo: