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Centenas de braçadeiras de plástico foram deixadas na chegada da Volta a Portugal na Serra da Estrela?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
No Facebook foi denunciado que centenas de braçadeiras de plástico foram deixadas na estrada que leva ao alto da Torre, na Serra da Estrela, no final de uma etapa da Volta a Portugal em Bicicleta, no último sábado. As braçadeiras foram deixadas muito perto da zona onde terminou a etapa, após a desmontagem da meta. Confirma-se?

“Um apelo para a organização da volta a Portugal em bicicleta. Existem centenas de braçadeiras de plástico que ficaram caídas no chão, após a desmontagem da meta da etapa no passado sábado que terminou na Torre”, denuncia-se num post do Facebook, de dia 9 de agosto.

Nas três imagens partilhadas demonstra-se as referidas braçadeiras no chão e na mão do autor das fotografias. “Bicicletas sim, lixo não!“, exclama-se na publicação com mais de duas mil partilhas. A etapa em causa foi a terceira da Volta a Portugal, que ligou a Sertã à Torre, na Serra da Estrela, e teve lugar no último sábado.

Contactado pelo Polígrafo, Joaquim Gomes, diretor da Volta a Portugal, confirma o sucedido, mas garante que a situação foi resolvida. “O que aconteceu na chegada à Torre é que entre os dois quilómetros para a meta e os mil metros finais houve uma equipa da brigada de colocação da publicidade de estrada que, efetivamente, deixou ficar algumas braçadeiras para trás. Na altura, o Grupo Especial de Montanha da GNR mobilizou alguns militares que apanharam muitas destas braçadeiras”, explica.

Questionado sobre se este tipo de situações são comuns, Joaquim Gomes assegura que “em particular, na Serra da Estrela ou no Parque Natural obviamente que não“. Quando os locais de partida e de chegada se encontram em cidades há “uma enorme coordenação e articulação com os municípios”, estas zonas são “imediatamente sujeitas a limpeza por brigadas de serviços municipalizados”.

No dia seguinte à terceira etapa e esta segunda-feira (dia de descanso), “toda a logística da Volta a Portugal estava sediada na Guarda” e uma equipa de logística que se deslocava para Guimarães (cidade próxima de Santo Tirso, onde terminou a etapa de terça-feira) “em vez de utilizar a autoestrada, neste caso a A25, foram pela Estrada Nacional, subiram novamente à Torre e passaram a pente fino toda esta área“.

Ao Polígrafo, fonte oficial do gabinete de Vítor Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, também garantiu que se tratou de “um caso isolado que teve a ver com uma empresa de publicidade que não estava rotinada com os procedimentos habituais de limpeza” e confirmou que estas situações “não são nada comuns“.

A mesma fonte declara que “a situação foi entretanto resolvida” e esclarece que a montagem e desmontagem das metas na Volta a Portugal é responsabilidade da organização da prova. O papel das autarquias na competição é a de “colaborar ativamente com a organização da Volta a Portugal em Bicicleta, com o objetivo de que a etapa se realize com o maior sucesso, cumprindo escrupulosamente todos os procedimentos e normas aplicáveis”.

Fonte oficial do gabinete de Vítor Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, também garantiu que se tratou de “um caso isolado que teve a ver com uma empresa de publicidade que não estava rotinada com os procedimentos habituais de limpeza” e confirmou que estas situações “não são nada comuns”.

O diretor da Volta informa que todos os anos promove uma ação de limpeza na Serra da Estrela: “Há mais dez anos tivemos efetivamente um problema com alguma gravidade numa chegada à Torre. A partir daí, a organização promove todos os anos uma campanha de limpeza em que enchemos umas dezenas largas de sacos de lixo de 100 litros, em que somente 10% do lixo que é apanhado é relacionado com a prova. Este ano não o pudemos fazer, porque o plano sanitário da Volta não o permite. Esta é uma Volta muito confinada, que não nos permite avançar com esse tipo de ações.”

“A organização promove todos os anos uma campanha de limpeza em que enchemos umas dezenas largas de sacos de lixo de 100 litros, em que somente 10% do lixo que é apanhado é relacionado com a prova”.

Desde o dia 1 de abril deste ano, os ciclistas estão proibidos de descartar lixo para a estrada, salvo nas novas zonas criadas para o efeito. A decisão foi tomada pela União Ciclista Internacional (UCI). “Além de ser potencialmente perigoso em certas situações, atirar lixo e objetos prejudica o meio ambiente e a imagem do nosso desporto. Também é um péssimo exemplo para os ciclistas não profissionais”, justificou a UCI.

Este novo método é esclarecido por Joaquim Gomes: “A União Ciclista Internacional impôs a proibição do descarte de lixo, em particular os bidões que são até muito apetecíveis por parte do público. Nós diariamente na Volta a Portugal, com uma regularidade de 30km em 30km ou 40km em 40km, temos estas zonas como únicas em que são autorizados os descartes.”

O diretor da Volta a Portugal assegura que a organização faz “os possíveis para que o ciclismo, até pela nova legislação da UCI, esteja na vanguarda das modalidades desportivas em tudo o que tem a ver com preocupações ambientais“.

Em conclusão, Joaquim Gomes destaca que a Volta a Portugal teve um certificado de emissões zero em 2017. “A Volta a Portugal, a nível mundial, foi a primeira prova que há cerca de quatro anos – em 2017, salvo erro – teve um certificado de emissões zero. Foi feito um estudo de avaliação, porque, apesar de ser um evento de bicicletas, a nossa logística é brutal. Nós temos mais de 40 camiões TIR a circular, a montar as partidas, as chegadas. Há os veículos das próprias equipas. Portanto, foi calculado o peso ao nível de emissões de carbono da Volta a Portugal, quantas toneladas produzíamos, e entretanto, para compensar as emissões da Volta, foi plantado um bosque no concelho de Montalegre, cuja manutenção durante alguns anos vai compensar as emissões de carbono da volta”, evidencia.

Em suma, a informação apresentada na publicação sob escrutínio é verdadeira. Ainda assim, tanto a organização da Volta a Portugal, como a autarquia da Covilhã garantem que a situação foi resolvida e não passou de um episódio isolado.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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