Em entrevista ao jornal “Observador”, publicada hoje, o antigo Primeiro-Ministro e ex-Presidente da República desvalorizou o debate do “dia-a-dia” frisando que o importante seria pensar “os próximos dez anos” do país.
Sobre esse futuro, e com a ambição de em 2034 “ter uma situação de bem-estar dos portugueses substancialmente diferente” da atual e de se ter “um Portugal mais próximo dos países mais ricos”, Cavaco Silva mencionou que uma das três variáveis a ter em conta para um crescimento forte é “ter mão de obra qualificada”.
E, nessa necessidade, “há duas grandes preocupações”. Por um lado, “o envelhecimento da população ativa portuguesa” e, por outro, a estimativa de que “em média, 20 mil pessoas com licenciatura têm vindo a sair anualmente do país”.
Os dados constam numa análise da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), que representa algumas das maiores empresas no País, em conjunto com a Deloitte. Segundo o inquérito de larga escala, 24% do talento que reside no país está propenso a emigrar, percentagem que sobe para 48% no casos dos jovens com menos de 25 anos.
Com base num cruzamento de dados do Observatório da Emigração, INE e Pordata, a organização estimou que, “dos emigrantes líquidos portugueses, cerca de 88% tenham saído em idade ativa (653 mil), deixando de estar disponíveis no mercado de trabalho português, o que representa 10,6% da população em idade ativa“.
Destes, “194 mil serão licenciados, o que equivale a 10,4% da população em idade ativa” com esta escolaridade, traduzindo-se numa fuga, em média, de “quase 20 mil licenciados por ano desde 2016, quando a média anual de novos licenciados em Portugal no mesmo período foi de 50 mil”.
A organização apontou ainda que “a cada ano estamos a perder o equivalente a 37% dos novos licenciados”, o que em termos de investimento do Estado representa “uma perda de 1,9 mil milhões de euros por ano”.
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