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Catarina Martins é dona de um relógio de 20 milhões de euros?

Política
O que está em causa?
Uma fotografia que exibe um relógio no pulso da ex-coordenadora do Bloco de Esquerda, cujo custo, alega-se, é de milhões de euros, é o mote para acusar Catarina Martins de ser uma "comunista" com "gostos de capitalista". Será?

“Catarina Martins, do Bloco de esterco, que arranjou tacho como eurodeputada, é comunista, mas tem gostos de capitalista! Comunista é mesmo assim, porque comunismo… é só para os outros!”, lê-se num tweet que se tornou viral nos últimos dias.

A sustentar esta alegação surge uma fotografia de Catarina Martins com o relógio ao pulso. O acessório é destacado com um círculo vermelho que remete para a descrição do mesmo: tratar-se-á de um Patek Philippe Grand Complications, modelo Sky Moon, no valor de 20,9 milhões de euros.

Mas a história nada tem de verdadeiro ou factual. E a imagem também não é nova. Em 2018, esta mesma fotografia, tal e qual como é agora apresentada no X, foi partilhada centenas de vezes nas redes sociais como se fosse real.

À data, as publicações acusavam a bloquista de ser “a maior fraude da política portuguesa depois de António Costa”, mas a falsa imagem volta agora a circular associada a uma alegação adaptada ao contexto atual, à semelhança do que acontece com outras fake news que habitualmente circulam de forma cíclica.

A montagem teve origem numa rede de imagens falsas, com suposto teor informativo, que chegou a Portugal a partir de uma empresa de Santo Tirso. Segundo revelou o “Diário de Notícias”, no dia 28 de outubro de 2018, o autor é Manuel Vilarinho Pires que, a partir do programa Paint, fez a montagem colocando um recorte de um anúncio a um relógio suíço de 20,9 milhões de euros sobre uma fotografia da agora eurodeputada.

O artigo dá conta de que o gestor não tinha qualquer experiência em artes gráficas, mas tinha um objetivo: “Mostrar às pessoas que acreditam em boatos que é fácil enganá-las.” No fim, assumiu ter ficado “muito contente” com o resultado alcançado.

Uma semana antes de revelar a “origem” da história do relógio, o semanário denunciou uma série de sites portugueses  que se dedicavam à publicação de imagens e textos falsos. Estes estavam todos registados no Canadá, mas partilhavam o mesmo IP, tendo conseguido chegar à empresa, sedianda em Santo Tirso, responsável pela propagação de fake news.

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Avaliação do Polígrafo:

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