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Catarina Martins: “Dois terços dos jovens ganham até 1.000 euros” de salário líquido

Política
O que está em causa?
Para a ex-líder do Bloco de Esquerda, a redução do IRS prevista no Programa do Governo "não se aplica à generalidade dos trabalhadores" em Portugal, nomeadamente "dois terços dos jovens" que "ganham até 1.000 euros" de salário líquido por mês. Verificação de factos.
© Agência Lusa / Miguel A. Lopes

No mesmo dia – 10 de abril – em que foi apresentado o Programa do XXIV Governo Constitucional soube-se também que o Bloco de Esquerda vai avançar com uma moção de rejeição sobre esse documento na Assembleia da República. Questionada sobre essa iniciativa do seu partido, ontem à noite na SIC Notícias, porém, Catarina Martins preferiu comentar as intervenções anteriores dos outros dois participantes no painel de comentário, Paulo Núncio (líder da bancada parlamentar do CDS-PP) e Bernardo Blanco (deputado do Iniciativa Liberal).

Núncio tinha salientado que “todas as reduções de impostos do Programa Eleitoral da Aliança Democrática estão previstas no Programa do Governo”, ao passo que Blanco defendeu que essas medidas são “muito diminutas” e “não há nenhum choque fiscal” desde logo no IRS.

“Eu estava a ouvir esta discussão sobre os impostos, tão extraordinária e entusiasmante, entre o CDS-PP e o Iniciativa Liberal, e a pensar que nada do que estão a dizer se aplica à generalidade dos trabalhadores. Por exemplo, dois terços dos jovens ganham até 1.000 euros“, afirmou a ex-líder do Bloco de Esquerda e candidata às próximas eleições para o Parlamento Europeu.

A alegação sobre os rendimentos dos jovens em Portugal tem fundamento?

Sim. Baseia-se nas conclusões de um estudo apresentado esta terça-feira, dia 9 de abril, durante as XXIV Jornadas de Psicologia do Instituto Universitário de Ciências da Saúde – CESPU, no Porto, destacadas num artigo publicado no mesmo dia pelo “Jornal de Notícias”.

Intitulado como “Retrato da População Jovem Portuguesa. Quem São, o Que as/os Move Agora e Quais as suas Expectativas”, o estudo inquiriu mais de 5.000 jovens e apurou que o salário médio dos jovens que trabalham até 35 horas semanais é de 725 euros líquidos por mês.

Entre os que trabalham 35 a 40 horas semanais, o salário médio é de 847 euros líquidos. E para os que trabalham mais de 40 horas semanais, a média salarial ascende a 1.144 euros líquidos.

Em suma, cerca de dois em cada três dos jovens inquiridos ganham menos de 1.000 euros líquidos por mês. Um terço dos jovens independentes ainda vive com a família e só 20% tem casa própria. E as mulheres recebem 26% menos do que os homens.

Aliás, não é um fenómeno exclusivo dos jovens. Tal como o Polígrafo verificou recentemente, o facto é que cerca de 3 milhões de trabalhadores em Portugal auferem um salário bruto até 1.000 euros por mês.

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Avaliação do Polígrafo:

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