Na perspetiva da ex-líder do Bloco de Esquerda e cabeça-de-lista nas eleições para o Parlamento Europeu, expressa ontem à noite em entrevista à SIC Notícias, “a Ucrânia tem todo o direito à integridade do seu território e à auto-determinação do seu povo, como todos os Estados, e a invasão russa deve ser condenada, deve ser combatida, não pode ser permitida”. Contudo, no respetivo programa defende a realização de uma conferência de paz “sob a égide” das Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de pôr fim à guerra.
Questionada sobre em que é que isso se diferencia do que já se tentou fazer, Catarina Martins respondeu que “ainda não se tentou uma conferência de paz. Na verdade, a União Europeia tem estado parada sobre esta matéria. E eu vejo, aliás, com muita preocupação, afirmações como por exemplo de Emmanuel Macron que são de escalar a guerra”.
Nesse âmbito, a candidata bloquista sublinhou que esta guerra que se prolonga há mais de dois anos “não vai ter uma solução militar” e “precisa muito de diplomacia”. Segundo Martins, “até porque a solução militar, neste momento, olhando para o que está a acontecer, tem um de dois resultados: ou a aniquilação completa da Ucrânia, ou enfim uma escalada que pode levar até a uma guerra nuclear”.
É verdade que ainda não se tentou realizar uma conferência de paz entre a Rússia e a Ucrânia?
Não exatamente. Na realidade, logo após o início da invasão da Ucrânia por forças militares da Rússia, realizou-se a primeira ronda de conversações de paz entre representantes da Rússia e da Ucrânia, mais precisamente a 28 de fevereiro de 2022, na Bielorrússia. A segunda e terceira rondas ocorreram a 3 e 7 de março de 2022, também numa zona de fronteira entre a Bielorrúsia e a Ucrânia. Mas sem sucesso.
Posteriormente, a 10 e 14 de maio, organizaram-se ainda a quinta e sexta rondas em Antália, na Turquia, com a mediação do Governo da Turquia.
Por outro lado, mais recentemente, o Governo suíço convidou mais de 160 chefes de Estado e de Governo para participarem na “Alta Conferência sobre a Paz na Ucrânia” que deverá realizar-se na Suíça em meados de junho. Mas neste momento ainda há dúvidas quanto a uma eventual participação de representantes da Rússia.
De qualquer modo, a proposta do Bloco de Esquerda faz referência a uma “Conferência de Paz sob a égide das Nações Unidas”, o que seria um modelo distinto. Pelo que optamos pela classificação de “Impreciso” – na verdade já se realizaram conferências ou rondas de conversações de paz, mas não no exato modelo defendido por Martins.
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