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Caso Montenegro. Pedro Nuno Santos disse que comissão de inquérito não era o “instrumento adequado”, mas vai agora requerer a abertura de uma?

O que está em causa?
Sim, Pedro Nuno Santos mudou de opinião... mas também mudaram os contornos no caso que envolve a empresa fundada pelo Primeiro-Ministro.
© Miguel Pereira da Silva/Lusa

No X, André Ventura acusa o líder dos socialistas de incoerência no que toca à comissão parlamentar de inquérito que o PS pretende agora que seja criada a propósito do caso que envolve o Primeiro-Ministro. Tudo porque, a 23 de fevereiro, Pedro Nuno Santos disse que este era um método inadequado e que o tema poderia ser extinto com mais explicações de Luís Montenegro.

“Quando era o Chega a pedir, Pedro Nuno Santos dizia que era impensável. Agora já acha que é a melhor solução. Mais uma cambalhota do PS”, escreveu esta terça-feira de Carnaval o líder do Chega, André Ventura. Será assim?

Importa destacar desde logo que entre 23 de fevereiro e 3 de março foram divulgadas várias notícias que levantam suspeitas sobre o Governante – nomeadamente os pagamentos mensais à empresa familiar por parte de um dos principais clientes, a Solverde – e que mesmo que a opinião do PS se tenha alterado, a verdade é que a crise política também se adensou. No entanto, é inegável que quando o Chega avançou com o pedido para uma comissão parlamentar de inquérito sobre a empresa constituída por Luís Montenegro em janeiro de 2021, o secretário-geral dos socialistas afirmou o seguinte: “Esse não é o instrumento adequado. Julgo que o senhor Primeiro-Ministro terá muitas oportunidades para acabar com o tema de uma vez por todas, esclarecendo quem são os clientes, que serviços é que foram prestados, qual foi o preço que foi cobrado, e isto é muito importante para que não reste nenhum tipo de dúvida ou suspeição.”

O intuito desta CPI que o Chega admitiu requerer era obter “uma resposta por parte do primeiro-ministro” a oito perguntas sobre a atividade da Spinumviva. Pedro Nuno Santos dispensou os esclarecimentos à força: “É normal que, depois de termos descoberto que, afinal de contas, o Primeiro-Ministro – que nós pensávamos que era advogado – também é empresário, queiramos saber que empresa é essa, qual é a sua actividade, quais são os clientes. Para que as pessoas confiem em nós, para que nós não facilitemos o trabalho dos partidos mais populistas, [é preciso] que os políticos sejam transparentes.”

A transparência de Montenegro não foi, porém, suficiente para Pedro Nuno, que acabou por ceder a este método: “O nosso dever é fazer tudo o que está ao nosso alcance para defendermos o regime e isso implica nós fazermos tudo o que está ao nosso alcance para apurarmos a verdade. E é por isso que o PS apresentará na Assembleia da República um requerimento para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito.”

“Não o fazemos com gosto, sei bem quão duro é uma comissão parlamentar de inquérito. Infelizmente, o Primeiro-Ministro não nos dá alternativa e esta é mesmo a última figura regimental que temos ao nosso dispor para assegurar que temos o direito a saber a verdade”, completou.

Ou seja, é verdade que Pedro Nuno Santos mudou de opinião quanto à necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mas tal aconteceu à medida que o caso Montenegro foi avançando.

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Avaliação do Polígrafo:

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