O caso das gémeas do Hospital de Santa Maria está a marcar a agenda política e mediática desde que, no início do passado mês de novembro, António Levy Gomes, coordenador da unidade de Neuropediatria do Hospital de Santa Maria, revelou à TVI uma troca de emails com o Presidente da República. Estes indiciam uma alegada interferência de Marcelo Rebelo de Sousa na autorização da administração de um medicamento de dois milhões de euros (quatro milhões no total) a duas crianças luso-brasileiras.
No mês que entretanto decorreu, as notícias sobre o caso sucederam-se, obrigando Marcelo a fazer uma conferência de imprensa em que reconheceu que recebeu um email assinado pelo seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, a pedir a sua intervenção no caso.
Desde ontem, 6 de dezembro, têm circulado viralmente no WhatsApp prints de posts alegadamente da autoria de Levy Gomes, em que o médico é altamente cáustico na apreciação que faz a políticos como Marcelo, Costa ou até Pedro Nuno Santos, candidato a líder do Partido Socialista nas próximas eleições internas.
Será assim?
O Polígrafo consultou hoje, dia 6, a página do médico naquela rede social e confirmou a veracidade dos prints colocados a circular. Sobre Marcelo, Levy afirmou, no dia 16 de novembro, que não pode “olhar para a cara do presidente”:
Um dia depois, acusou Marcelo de ser diabólico, num post em que também afirma na caixa de comentários que o inquilino do Palácio de Belém “é um problema para Portugal”.
Existem outros posts colocados a circular, mas na manhã de hoje não estavam disponíveis na página pessoal do médico. Como este, em que Levy Gomes alegadamente apela à demissão daquele que qualifica como “o pior presidente de Portugal”:
As opiniões cortantes de Levy Gomes estendem-se a António Costa. Um exemplo: o post publicado no dia 28 de abril de 2023, em que o Primeiro-Ministro é classificado como um “autocrático” e “mafioso” que atua “pela calada da noite…”
Outro socialista, Pedro Nuno Santos, é apelidado, no dia 10 de novembro, de “Guevara de Maserati e Rolex”. Um epíteto que não é aplicado a Pedro Passos Coelho, descrito pelo coordenador da unidade de Neuropediatria do Hospital de Santa Maria como “a hipótese de uma mudança de governo que nos leve por caminhos da decência sem atender a lobbies e tendo como fim o bem público e o bem comum”. O seu entusiasmo pelo antigo líder laranja é tal que chega a apelar à organização de uma manifestação “em frente à sua casa e em frente ao PSD”.
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Avaliação do Polígrafo: