"Próxima doutrina a provavelmente implementar pelo PAN na nova legislatura", comenta um dos muitos utilizadores do Facebook que partilharam o artigo em causa, o qual tem origem na página "Kongo Lisolo" - o respetivo endereço é da República do Congo mas o conteúdo da página é apresentado com versões em várias línguas, desde logo a portuguesa.

No suposto artigo jornalístico destaca-se que "na Noruega, o casamento entre humanos e animais de estimação é possível; excepto animais selvagens, insetos, pássaros e animais marinhos". E ao longo do texto apresenta-se mesmo um exemplo concreto de casamento entre uma jovem norueguesa de 23 anos de idade, Barbara, e um cão de raça doberman, Rudolf.

Ora, há alguma base de sustentação factual para esta "notícia" insólita? O casamento entre humanos e animais foi mesmo legalizado na Noruega?

Não, de todo. Esta história sobre o imaginário casamento entre Barbara e Rudolf tem origem num artigo de 30 de novembro de 2016 da "Secret News", uma página francesa de sátira e paródia.

Apesar de ser uma história totalmente inventada, com um propósito humorístico, desde que foi publicada em novembro de 2016 que tem dado origem a múltiplas fake news virais à escala mundial.

Em agosto de 2019, por exemplo, a Snopes (plataforma norte-americana de fact-checking) identificou esta sátira da "Secret News" como origem de uma fake news publicada num blog dos Camarões que originou uma vaga de desinformação.

Basicamente, o artigo da página "Kongo Lisolo" é uma adaptação desse outro artigo que, por sua vez, replicava o texto humorístico da "Secret News". O equívoco poderá resultar do facto de a página "Secret News" ter a aparência de um site de notícias e jornalismo, desde logo no título e sobretudo no grafismo. A indicação de que se trata de um "media paródico" está escondida no fundo da página, quase imperceptível.

É um perigo inerente às páginas online de sátira, humor ou paródia que não estão devidamente identificadas como tal: podem dar origem, como neste caso, a equívocos e vagas de fake news e desinformação. Daí que nos Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, várias plataformas de fact-checking analisem também conteúdos provenientes dessas páginas, como forma de prevenção ou para estabelecer referências factuais que sirvam de barreira à desinformação em massa.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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