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Carruagens que a CP comprou à Renfe tinham sido “retiradas de serviço devido ao amianto”?

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O que está em causa?
Em publicação nas redes sociais denuncia-se um suposto "escândalo na compra das carruagens à Espanha", pela CP - Comboios de Portugal, na medida em que terão sido "retiradas de serviço" pela Renfe "devido ao amianto". Verdade ou falsidade?

“Escândalo na compra das carruagens à Espanha. Comboios comprados pela CP à Renfe foram retirados de serviço devido ao amianto”, salienta-se na mensagem da publicação em causa, remetendo depois para duas notícias recentes sobre o negócio: “Portugal pode ensinar ‘outros países a fazer bons negócios’, diz Pedro Nuno Santos, sobre a compra de carruagens para a CP”; “CP. Compra de carruagens é ‘grande negócio ao alcance de muito poucos”.

Confirma-se que as carruagens que a CP comprou à Renfe foram “retiradas de serviço devido ao amianto”?

Esta publicação parece ter sido baseada numa notícia de 9 de setembro do jornal “La Voz de Galicia”, com o seguinte título, em tradução livre: “Portugal utilizará as carruagens de comboio retiradas na Galiza por conterem amianto“.

“As 18 carruagens de comboio que circulavam entre a Galiza e o País Basco, retiradas depois de ter sido detectada a presença de amianto entre o seu material, assim como outras 33 carruagens similares, serão utilizadas em Portugal a partir do final do ano para cobrir a linha ferroviária do Minho, entre o Porto e Valença”, informa o jornal galego.

A notícia do jornal “La Voz de Galicia” tem sido amplamente partilhada nas redes sociais em Portugal, ao ponto de a CP ter comunicado hoje que a remoção do amianto em 36 das carruagens compradas à Renfe estava prevista no plano de recuperação daquele material e que todas elas estarão descontaminadas até à primeira semana de dezembro.

Em resposta à Agência Lusa, a CP explicou que a existência de amianto em algumas das carruagens foi assumida pela CP desde a compra do material à Renfe. “De facto, 36 das carruagens compradas tinham amianto e estava desde logo previsto no plano de recuperação a sua descontaminação”, sublinha a empresa.

O Polígrafo também questionou a CP com o objetivo de confirmar esta informação. “Desde a compra deste material à Renfe, a existência de amianto em algumas das carruagens foi assumida pela CP, como poderá ver pelas notícias publicadas no inicio de julho. De facto, 36 das carruagens compradas tinham amianto e estava desde logo previsto no plano de recuperação a sua descontaminação. Neste momento já estão 12 sem amianto e com certificado, duas em fase de descontaminação e as 36 ficarão limpas até à primeira semana de dezembro“, respondeu a empresa.

“A empresa que está a realizar esse trabalho de descontaminação é certificada para este tipo de trabalhos e autorizada pela ACT. A descontaminação destas carruagens está a ser efetuada em área perfeitamente segregada da Oficina de Reparação de Material Circulante e todas as carruagens são previamente confinadas, é verificada a estanquidade, efetuada a remoção e colocação do material friável em big-bags que seguirão posteriormente para aterro autorizado para isolamentos de amianto (LER17601). No final da cada descontaminação é realizada uma avaliação e concentração de fibras de amianto por um laboratório de controlo de fibras. Por cada carruagem, após descontaminação, é emitido: um relatório de medição da concentração de fibras em suspensão no ar por um laboratório especializado no controle de fibras; certificado livre de amianto por carruagem pela empresa responsável pela descontaminação”, acrescentou a CP, em resposta ao Polígrafo.

As carruagens adquiridas pela CP à Renfe já tinham motivado um artigo de verificação de factos do Polígrafo, no início de agosto, comprovando então que no dia 30 de julho, uma composição de 15 unidades (o último lote das 51 carruagens que a CP comprou à Renfe por 1,65 milhões de euros) descarrilou à saída do depósito de Fuencarral, Madrid, quando iniciava o percurso até Salamanca e posteriormente até à entrega final das carruagens em Portugal.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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