"Não votaram nele? Agora aguentem. Ele tem a escola do Passos Coelho, promete aquilo que o Povo gosta de ouvir, depois de estar no poleiro, faz o que fez o Passos Coelho", critica o autor de uma publicação no Facebook, esta terça-feira, 5 de julho.

O post inclui uma ligação para a notícia do jornal "i" com o título "Moedas não vai fazer a Feira Popular" onde se lê que Carlos Moedas anunciou que vai abandonar o projeto que tinha sido proposto por Fernando Medina, em 2015, quando o autarca socialista fez saber da mudança da Feira Popular de Lisboa para um conjunto de terrenos junto ao Bairro Padre Cruz, em Carnide.

Mas será que a posição de Carlos Moedas sobre a Feira Popular e os terrenos de Carnide constitui uma promessa falhada?

Não. A posição do autarca social democrata estava incluída no programa eleitoral da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), com o qual conquistou a presidência da Câmara de Lisboa nas autárquicas de 2021.

Nesse documento, na página 12, é possível verificar que o objetivo de Carlos Moedas passava por "transformar o atual projeto da Feira Popular, para prever um novo Parque Urbano, com equipamentos de lazer e desporto, incluindo uma nova piscina exterior natural em Carnide, de grande dimensão, ambientalmente inovadora. Este programa de recreio e lazer qualificado será complementado por equipamentos culturais e pela reconversão da Av. Prof. Francisco da Gama Caeiro, com vista a ligar o Bairro Padre Cruz à cidade através de uma avenida urbana".

Em entrevista à Rádio Renascença, na segunda-feira, Carlos Moedas afirmou que é preciso repensar o conceito de Feira Popular, considerou que “parques de diversão no centro de cidade não fazem o mesmo sentido que faziam no passado” e defendeu que o projeto deve priorizar a construção de “um parque verde com equipamentos para as pessoas”, com a possibilidade de uma parte do espaço na freguesia de Carnide ter alguns equipamentos de diversão.

As reações não demoraram. O PS acusou o autarca de não ter “uma visão de cidade e, muito menos, uma ambição para Lisboa”, razão pela qual “já pouco resta do seu programa eleitoral, sendo rara a semana que não deixar cair uma das bandeiras”.“Desistir da Feira Popular, mais a mais sem qualquer sustentação como fez hoje Carlos Moedas, representa uma quebra com o imaginário afetivo da cidade, a história de Lisboa e as pretensões dos lisboetas”, consideraram os socialistas.

Já o Bloco de Esquerda defendeu que "as declarações de Carlos Moedas sobre o abandono do projeto da Feira Popular em Carnide são inaceitáveis”, lembrando que a antiga Feira Popular de Lisboa, em Entrecampos, nas Avenidas Novas, “foi durante seis décadas uma referência para várias gerações de lisboetas que ali encontravam um espaço de diversão, lazer e festa”. Os bloquistas lamentaram ainda que o projeto apresentado em 2015 caia por terra, já que “este equipamento, pelas suas características, serviria a população de Lisboa e não apenas os turistas”.

Quanto aos moradores da freguesia de Carnide, a notícia não podia ter sido melhor. “Vejo com grande esperança de que se torne, efetivamente, uma realidade, porque esse era o desejo dos moradores”, afirmou Carlos Durão, presidente da Associação de Moradores do Bairro Novo de Carnide e Quinta do Bom Nome. Em declarações à Lusa, disse que aquando a apresentação do projeto da Feira Popular, foi levantada a questão do impacto que “um parque de diversões como o Eurodisney ou outros que existem pela Europa” iria causar “dentro de uma zona residencial”, colocando em causa a qualidade de vida dos moradores.

Assine a Pinóquio

Fique a par dos nossos fact checks mais lidos com a newsletter semanal do Polígrafo.
Subscrever

Receba os nossos alertas

Subscreva as notificações do Polígrafo e receba os nossos fact checks no momento!

Em nome da verdade

Siga o Polígrafo nas redes sociais. Pesquise #jornalpoligrafo para encontrar as nossas publicações.