Na rede social X, alguns utilizadores estão a tentar passar a ideia de que o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) se contradiz nas declarações que tem feito sobre a solução aeroportuária de Lisboa. Com recurso a dois prints, separados por quase três anos, tenta mostrar-se que Carlos Moedas, que em 2021 exclui a hipótese de um “aeroporto único em Alcochete”, diz agora que esta foi a solução que sempre defendeu. Mas a publicação está totalmente descontextualizada.
É que, em setembro de 2021, quando Fernando Medina, então autarca de Lisboa, num debate com os principais candidatos à presidência da Câmara de Lisboa para as eleições autárquicas desse ano, disse na SIC que a hipótese de construir um aeroporto secundário no Montijo e manter o atual como principal não é viável, sobraram apenas duas opções: construir um aeroporto em Alcochete e acabar com o da Portela ou tornar o aeroporto do Montijo o principal e o de Lisboa secundário.
Na altura, Medina dizia que, passada a fase da pandemia, o país ia ter “uma recuperação rápida do turismo” e, para o socialista, a cidade não teria “capacidade aeroportuária para 30 milhões de movimentos como tínhamos antes da pandemia”. Carlos Moedas não partilhava da opinião de Medina (de extinguir o Aeroporto Humberto Delgado) e defendeu a solução Portela + 1, com preferência para Alcochete. “Montijo tem problemas ambientais, estamos à espera obviamente do estudo ambiental para poder decidir, mas a minha ideia, aquilo que eu defendo sempre, é ter Portela como um aeroporto de cidade e depois outro aeroporto que neste caso eu penso que Alcochete seria uma melhor solução“, disse. Quando confrontado com preocupações ambientais e de ruído, Moedas admitiu que Alcochete poderia vir a ser o aeroporto principal, mas com um período de espera de “10 a 15 anos”.
Foi precisamente esta última opção que o Governo anunciou ontem, com o reforço da capacidade aeroportuária do Aeroporto da Portela (desmantelamento apenas num período de 9 a 10 anos) e com a construção de uma nova infraestrutura em Alcochete. Em declarações aos jornalistas, hoje, o agora presidente da Câmara lembrou que esta “foi a solução que sempre” defendeu: “Temos os estudos técnicos, que indicam que é esta a melhor decisão para o Aeroporto de Lisboa. Ainda em campanha eleitoral, estive sempre do lado desta decisão. Como engenheiro e como cidadão, era a escolha que defendia. Mas como presidente da câmara decidi não tomar nenhuma posição, exactamente para hoje a poder defender. Mais importante do que a decisão era tomá-la.”
Em suma, e apesar de os prints serem verdadeiros, é errado apontar uma incongruência ao autarca lisboeta, que, afinal, só não queria extinguir o aeroporto Humberto Delgado, mas sempre concordou com o seu reforço (aumentando-lhe a capacidade aeroportuária) e sobretudo com a nova infraestrutura em Alcochete (mesmo como principal).
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