- O que está em causa?O Presidente da autarquia Lisboa publicou a 11 de maio, no Twitter, um "post" onde se congratula por "mais um compromisso alcançado". Em causa o "Amarelo", um autocarro que transporta as crianças lisboetas até às respetivas escolas. "Uma medida com a qual me comprometi e que começa agora a ser implementada na cidade", referiu o autarca. PCP reclama autoria.

"Mais um compromisso alcançado. O Amarelo leva as crianças à escola em segurança criando hábitos mais sustentáveis nas novas gerações. Uma medida com a qual me comprometi e que começa agora a ser implementada na cidade", escreveu esta quinta-feira o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), no Twitter.
Em causa um projeto-piloto da CML que promove o transporte escolar e que já tem 70 inscritos, segundo o jornal "Expresso". O projeto, que é também promovido pela Carris e tem o apoio das Juntas de Freguesia da cidade, serve para aumentar "a utilização dos autocarros da CARRIS nas deslocações para a escola, de modo a criar hábitos mais sustentáveis nas novas gerações e inverter a tendência de utilização do transporte individual".
"O projeto pretende dar a conhecer as linhas de autocarro que servem a escola nos horários de entrada e garantir um serviço de monitores a bordo, em carreiras selecionadas", explica a autarquia lisboeta no seu portal. A medida, porém, é reclamada pelos vereadores comunistas e também pelo Livre, cuja ideia inicial tinha outro nome: "Amarelinhos."
Em resposta a Carlos Moedas, o vereador do PCP João Ferreira escreveu: "Estamos sempre empenhados em construir soluções em prol da cidade, Sr. Presidente. Não tem nada que agradecer." Alguns apoiantes do Livre também confrontaram o Presidente da Câmara, mas não com palavras: escolheram uma imagem da proposta apresentada pelo partido na CML.
O projeto foi, de facto, resultado de uma proposta do PCP aprovada na CML em fevereiro de 2022. À agência Lusa, à data, João Ferreira explicava que a proposta tinha como objetivo criar "um serviço público de transporte de crianças em idade escolar", permitindo "substituir por transporte coletivo um número significativo de deslocações que hoje são feitas em transporte individual, ou seja, menos carros, menos emissões, menos poluição na cidade".
"É um passo importante também no sentido do apoio às famílias, é uma forma de apoio às famílias que também ganham com a existência deste serviço, portanto ganham as famílias, ganha o ambiente na cidade, são fundamentalmente esses os dois ganhos que podemos ter com esta proposta", acrescentou.
Mas, e já na altura, João Ferreira confessou à Lusa que os contributos de forças políticas como o PSD, PS, Livre e BE foram, na sua maioria, incorporados na versão final do texto.
Apenas dois meses depois, o partido Livre via aprovada por unanimidade uma proposta distinta, mas com um nome que agora soa familiar: a de criar uma nova modalidade de transportes públicos para todas as gerações – os "Amarelinhos".
O partido explicou, então, que esta proposta vinha na sequência de uma outra, já aprovada, "no sentido de criar um sistema de transporte escolar em Lisboa, algo quase inexistente em Lisboa, e mandata o Presidente da Câmara Municipal a criar um conceito ecológico de carrinhas e mini-autocarros elétricos gratuitos que permita o transporte de crianças, em segurança, das suas casas para as creches e escolas. Este novo sistema de recolha ponto-a-ponto não se limita a crianças e jovens, e será desdobrado, em outros horários, para os cidadãos seniores ou de mobilidade reduzida".
Além disso, no seu primeiro programa eleitoral, com que concorreu à Câmara Municipal, Carlos Moedas já previa a "criação de um plano integrado de mobilidade das escolas do 1.º ciclo ('Yellow-bus' ou 'Escola-Bus')", com o objetivo de "potenciar a autonomia das crianças e jovens nas suas deslocações de-e-para as escolas e aligeirar a necessidade de transporte individual a cargo dos pais, diminuindo assim o trânsito automóvel dentro do da cidade".
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