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Carlos Moedas afirmou ao Al Jazeera, em novembro de 2023, que Lisboa era uma cidade segura?

Política
O que está em causa?
Moedas não confia nos números da PSP - como afirmou ontem à noite na CNN Portugal - e garante aos lisboetas que os crimes são agora mais graves e violentos. Mas será que há pouco mais de um ano o autarca dizia que Lisboa era uma "cidade segura"?

Nos últimos dias, Carlos Moedas alertou para um aumento da violência dos crimes na cidade, argumentando que, ainda que os números da criminalidade não tenham subido de forma significativa, os crimes praticados hoje são mais graves e violentos. No entanto, será que há poucos meses, em declarações à Al Jazeera, o autarca descreveu Lisboa como uma cidade segura?

Sim. E voltou a fazê-lo ontem. Na entrevista, publicada a 18 de novembro de 2023, Moedas destacou a reputação da cidade em termos de segurança. E até o seu passado de diversidade: “Mil e duzentos anos antes de Cristo, os fenícios fundaram este lugar e chamaram-no Alis Ubber, Porto Seguro. E eu acho que Lisboa tem a ver com esse sentimento de pertença, de segurança e de estar seguro dentro da diversidade. Esta foi a cidade onde muçulmanos, judeus e cristãos viveram e, com essa diversidade, criaram novas coisas e novos produtos. E, por isso, eu acredito que Lisboa hoje tem esse ADN da diversidade, esse ADN da abertura.”

Esta declaração pode chocar com as mais recentes, sobre o aumento da violência na criminalidade em Lisboa, embora as duas não sejam totalmente contraditórias, já que, para Carlos Moedas, o problema não é o aumento de crimes mas sim a tipologia.

A 28 de janeiro, em reação à notícia do DN sobre uma redução de 10,4% da criminalidade grave e violenta, Moedas desvalorizou os números da PSP e insistiu: “Podemos ter um número menor, nas estatísticas, mas a criminalidade é maior (…) Os crimes que são praticados nesta cidade, neste momento, têm um grau de violência diferente. Assaltar uma pessoa para roubar um relógio com uma arma à cabeça da pessoa não é normal e nunca tinha acontecido em Lisboa, ter casos como estas violações também não é normal. Quando há um triplo de homicídio e nós vemos aquilo que se passa na cidade, que nunca tinha acontecido, também não é normal.”

Ainda no início de janeiro, em entrevista ao DN, o autarca afirmou que Lisboa “é uma das capitais mais seguras do mundo“, referindo porém que, nos últimos anos, “tem havido mais violência e mais crimes”.

Ontem à noite, na CNN Portugal, Moedas voltou a atribuir a Lisboa uma boa posição “internacional” quanto à segurança, mas não deixou de lado os testemunhos que vai ouvindo: “Um número não é nada. Estamos a criar percepções a partir de um número (…) Em muitas reuniões descentralizadas estou com pessoas de idade que, em certas zonas da cidade, têm medo de sair a partir de uma certa hora.”

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Avaliação do Polígrafo:

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