O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Carlos César tem razão ao dizer que o volume de impostos diminuiu?

Economia
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
O líder parlamentar do PS afirmou esta noite que "enquanto nos últimos dois anos a carga fiscal no conjunto da União Europeia aumentou 0,5 pontos percentuais, em Portugal diminuiu 0,3 pontos percentuais”. Os números oficiais dão-lhe razão.

No espaço de debate político em que participa na SIC Notícias, Carlos César, líder da bancada parlamentar do PS, afirmou que a carga fiscal em Portugal “diminuiu 0,3 pontos percentuais” nos últimos dois anos. César respondia às críticas de Pedro Santana Lopes, antigo líder do PSD, quanto aos aumentos de impostos indiretos aplicados pelo atual Governo.

No que respeita a 2018, ainda não há dados oficiais do INE, mas na proposta de Orçamento do Estado para 2019, o Governo estima que a carga fiscal se cifre este ano em 34,7% do PIB, igual à de 2017. Trata-se do valor mais elevado dos últimos 22 anos, pelo menos (o INE só começou a calcular esta estatística em 1995). Para 2019, o Governo estima que a carga fiscal diminua 0,1 pontos percentuais, para 34,6% do PIB. Apesar destes números, o ministro das Finanças, Mário Centeno, a 29 de outubro, declarou no Parlamento que “ao longo da legislatura” foi conseguido “um enorme alívio fiscal” para os portugueses (em 2015, quando iniciou a legislatura, a carga fiscal foi de 34,6% do PIB, igual à que é estimada pelo Governo para o último ano da legislatura).

Na SIC Notícias, Santana Lopes salientou essa afirmação de Centeno e disse “não entender” em que números é que se baseia. Na contra-argumentação, César disse que a carga fiscal em Portugal diminuiu 0,3 pontos percentuais nos últimos dois anos e os dados dão-lhe razão: no dia 21 de setembro, o INE publicou os resultados anuais da Conta Nacional de 2016 e da provisória de 2017, tendo elevado o valor do PIB nesses dois anos. Com o novo valor apurado do PIB em 2016 e 2017, verifica-se que a carga fiscal diminuiu 0,3 pontos percentuais nesses dois anos, enquanto “no conjunto da União Europeia aumentou 0,5 pontos percentuais”, tal como César declarou e pode ser comprovado na base de dados do INE, especificamente no relatório de Contas Económicas Anuais das Administrações Públicas.

Carlos César
Nota: este artigo foi atualizado a 8/11 com dados fornecidos pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista

Tendo em conta os dados oficiais e atualizados, afirmar que “enquanto nos últimos dois anos a carga fiscal no conjunto da União Europeia aumentou 0,5 pontos percentuais, em Portugal diminuiu 0,3 pontos percentuais” é …

 

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Com o objetivo de dar aos mais novos as ferramentas necessárias para desmontar a desinformação que prolifera nas redes sociais que mais consomem, o Polígrafo realizou uma palestra sobre o que é "o fact-checking" e deu a conhecer o trabalho de um "fact-checker". A ação para combater a desinformação pretendia empoderar estes alunos de 9.º ano para questionarem os conteúdos que consomem "online". ...
Após as eleições, o líder do Chega tem insistido todos os dias na exigência de um acordo de Governo com o PSD. O mesmo partido que - segundo disse Ventura antes das eleições - não propõe nada para combater a corrupção, é uma "espécie de prostituta política", nunca baixou o IRC, está repleto de "aldrabões" e "burlões" e "parece a ressurreição daqueles que já morreram". Ventura também disse que Montenegro é um "copião" e "não está bem para liderar a direita". Recuando mais no tempo, prometeu até que o Chega "não fará parte de nenhum Governo que não promova a prisão perpétua". ...

Fact checks mais recentes

Um vídeo partilhado viralmente nas redes sociais mostra Lula da Silva a afirmar que existem 735 milhões de pessoas que passam fome e garante-se que estava a referir-se exclusivamente ao Brasil. As imagens e declarações são autênticas, recolhidas a partir de uma recente entrevista do Presidente do Brasil ao canal SBT News. Mas referia-se mesmo ao Brasil que, na realidade, tem 3,4 vezes menos habitantes? ...