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Campeonato Mundial de Futebol Feminino marcado por “estádios vazios”?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
"Estádios vazios, ordenados iguais", ironiza-se em publicação nas redes sociais, exibindo uma imagem do jogo entre as seleções de Portugal e Países Baixos no Campeonato Mundial de Futebol Feminino que está a decorrer na Austrália e Nova Zelândia. É uma crítica implícita à reivindicação de salários iguais para jogadoras e jogadores de seleções nacionais de futebol, como já acontece - por exemplo - nos EUA e País de Gales. Mas o pressuposto dos "estádios vazios" tem fundamento?

“A igualdade começa no rendimento e resultados que entregam. Ganhos acontecem como consequência”, argumenta-se num post de 23 de julho no Facebook, que apresenta uma imagem do recente jogo entre as seleções de Portugal e Países Baixos no Campeonato Mundial de Futebol Feminino que está a decorrer na Austrália e Nova Zelândia, com a seguinte mensagem em destaque:

Estádios vazios, ordenados iguais.”

É uma crítica implícita à reivindicação de salários iguais para jogadoras e jogadores de seleções nacionais de futebol, como já acontece – por exemplo – nos EUA e País de Gales. Mas o pressuposto dos “estádios vazios” tem fundamento?

De acordo com os dados oficiais da entidade organizadora do evento – a FIFA – Federação Internacional de Futebol -, nos 60 jogos realizados até ao dia 12 de agosto (faltam apenas quatro, referentes às meias-finais, atribuição de terceira e quarta posições e final, a disputar entre Espanha, Suécia, Austrália e Inglaterra) registou-se um total de 1.733.578 espectadores nos estádios neozelandeses, o que perfaz uma média de cerca de 28.893 espectadores por cada jogo.

Em dois países que têm mais adeptos de rugby do que de futebol, além das condicionantes geográficas, o facto é que o segundo jogo do torneio, disputado entre a Austrália e a Irlanda, contou com 75.784 espectadores (91,8% da capacidade do Stadium Australia, em Sydney). Mesmo assim foi apenas o terceiro jogo com maior assistência na História dos Campeonatos Mundiais de Futebol Feminino, até ao momento.

Outro elemento a ter em consideração: o jogo inaugural entre a Nova Zelândia e a Noruega, a 20 de julho, no Eden Park, em Auckland, registou 42,137 espectadores (87,3% da lotação do estádio) e foi a maior assistência de sempre em jogos da seleção nacional de futebol da Nova Zelândia como anfitriã, feminina ou masculina (ou seja, as mulheres superaram os homens neste recorde de assistência no país).

Quanto à seleção portuguesa, no jogo frente aos Países Baixos foi vista ao vivo por 11.991 espectadores (41,7% da capacidade do Forsyth Barr Stadium, em Dunedin, uma cidade neozelandesa com pouco mais de 130 mil habitantes. Mesmo neste jogo em específico, embora não tenha chegado a metade da lotação, está muito longe da descrição de um “estádio vazio”.

Aliás, no terceiro e último jogo de Portugal contra os EUA, no Eden Park, contabilizaram-se 42.958 espectadores nas bancadas (85,9% da lotação), tornando assim incontornável o selo de “Falso” nesta publicação.

Neste âmbito importa recordar que, em maio de 2022, a Federação de Futebol dos Estados Unidos (USSF) anunciou ter chegado a um acordo “histórico” com as associações de jogadores das suas seleções, que formaliza a igualdade salarial entre a feminina e a masculina. “Os dois acordos coletivos, que vigorarão até 2028, permitem alcançar salários iguais em condições económicas idênticas”, informou.

Em janeiro de 2023 foi a vez de a Federação de Futebol do País de Gales (FAW) anunciar a celebração de um acordo no mesmo sentido.

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