“A campeã olímpica Imane Khelif na capa da Vogue Argélia”, lê-se num “tweet” que conta já com milhares de visualizações desde que começou a circular, no início deste mês de setembro.
A acompanhar a afirmação, surge a imagem da alegada capa desta revista, com uma fotografia da atleta argelina, vestida com as cores da bandeira nacional, seguida da seguinte descrição: “A primeira mulher argelina, árabe e africana a ganhar um ouro olímpico no boxe.”
Mas será que esta é uma imagem real?
Não. Primeiro, porque não existe uma “Vogue Argélia” entre os títulos da Condé Nast, empresa editorial detentora da Vogue. Existe, sim, uma “Vogue Arábia”, mas nenhuma edição da referida revista corresponde à que viralizou nas redes sociais.
Além disso, uma análise à alegada capa com recurso à ferramenta “Hive Moderation” indica que é altamente provável – uma probabilidade de 99,9%, mais concretamente – que tenha sido concebida com recurso a ferramentas de Inteligência Artificial (IA).
Na verdade, a imagem foi partilhada pela primeira vez por Cheikh Boumsersseb, que se assume como diretor artístico, na rede social Instagram, a 25 de agosto. Na legenda do post, Boumsersseb explica que a alegada capa apresenta “Imane Khelif vestida com um traje tradicional argelino chamado Chedda de Tlemcen, que reflete as cores da bandeira argelina” e que é “reconhecido como parte do património cultural da Argélia pela UNESCO”.
Porém, a imagem não passa de uma “obra de arte” que “imagina Imane na capa da revista Vogue, simbolizando o seu estatuto lendário e o seu espírito inquebrável”, de modo a refletir a “visão artística” do seu autor. E assegura Cheikh Boumsersseb: “Para esclarecer, a obra de arte que apresenta Imane Khelif é um produto da minha imaginação e não tem a intenção de enganar ninguém.”
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