Numa nota enviada às redações a 8 de abril, a distrital de Faro do partido Chega faz um alerta: PS e PSD estão a “cozinhar” uma medida conjunta que se “preparam para aprovar na Assembleia Municipal de Faro do dia 29 de abril”.
Em causa a alegada doação de um terreno avaliado em mais de um milhão de euros (1.347.000 euros) à comunidade islâmica da região. Segundo o Chega, o espaço com cerca de dois mil metros quadrados deverá servir para a construção de “uma mesquita e, provavelmente, de um cemitério” islâmico. O partido acusa ainda os membros da comunidade de se recusarem a “enterrar os seus mortos ao lado dos ‘impuros'” e sugere que se faça… um referendo.
A pergunta, a que os farenses teriam de responder, seria a seguinte: “Concorda que a Câmara Municipal de Faro doe o direito de superfície para a construção de uma mesquita a realizar pelo CIF – Centro Islâmico de Faro?” As respostas, é provável que nunca as conheçamos.
Ao Polígrafo, a autarquia social-democrata liderada por Rogério Bacalhau nega totalmente que se esteja a preparar para doar o terreno. “Nenhuma proposta desse teor foi aprovada em sede de Reunião de Câmara, pelo que não será votada, nem poderia ser, em Assembleia Municipal”, garante o gabinete.
Sobre o destino do terreno, a autarquia avança que, embora não tenha qualquer uso já pré-definido, “a parcela de terreno em causa deverá destinar-se à edificação de um equipamento de utilização coletiva“.
O próprio CIF tinha já, em declarações ao jornal local “Sul Informação“, criticado o aproveitamento político do Chega acerca da construção de uma mesquita na capital algarvia. Segundo Ossama Solayman, líder da comunidade, “nem sequer há, ainda, um local definido” e que o pedido de ajuda feito à CMF foi no sentido de “pôr Faro no mapa, dada até a herança islâmica do Algarve”. Quanto ao Chega, Solayman acusa o partido de estar a “fazer um ataque cerrado, vergonhoso, a pessoas que trabalham em Portugal e que cá moram”.
A sessão ordinária da Assembleia Municipal de Faro de 26 de abril não trouxe novidades: não foi aprovada nenhuma medida – apesar da expressa preocupação de alguns moradores – e o próprio autarca lembrou que a cidade já tem uma mesquita, que serve de local de oração diária para “centenas de pessoas”.
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Avaliação do Polígrafo: