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Câmara do Seixal pagou 78 mil euros por concerto do mesmo artista T-Rex que custou apenas 14 mil à Câmara de Elvas?

Sociedade
O que está em causa?
Denúncia surgiu no X/Twitter, em forma de comparação entre dois contratos por ajuste direto registados no portal Base. Mas a história - assim tão simples - está mal contada. O Polígrafo esclarece.
© Agência Lusa / João Relvas

“Contratação do mesmo artista. Elvas pagou 14 mil [euros], o Seixal pagou 78 mil“, salienta-se num tweet de 16 de junho, para depois questionar, não sem ironia: “Temos artista de ‘borla’ no Avante?”

Em causa estarão dois concertos do artista T-Rex, em Elvas e no Seixal, com preços muito distantes. O tweet mostra duas imagens com dados de contratos por ajuste direto referentes aos concertos que, confirma-se desde já, estão registados no portal Base.

O primeiro foi celebrado a 13 de setembro de 2023 (pode consultar aqui). Consistiu na execução de um “concerto de T-Rex na Expo São Mateus 2023”, adjudicado pelo Município de Elvas à empresa All About Unipessoal Lda., pelo preço de 14 mil euros.

O segundo foi celebrado a 7 de junho de 2024 (pode consultar aqui). Consistiu na “aquisição de serviços para produção do concerto do artista T-Rex, no âmbito do Festival Liberdade”, adjudicado pelo Município do Seixal à empresa Ritmo do Palco Unipessoal Lda., pelo preço de 78.970 euros.

Questionada sobre como é que se explica esta diferença tão acentuada de valores, aparentemente, por um concerto do mesmo artista, a Câmara Municipal do Seixal (CMS) começou por informar que “o concelho do Seixal recebeu, no dia 15 de junho, na Quinta da Marialva, em Corroios, a 9.ª edição do Festival Liberdade“. Trata-se de uma iniciativa da Associação de Municípios da Região de Setúbal que “o Seixal acolheu pela terceira vez”.

De acordo com a CMS, a programação do Festival da Liberdade, “feita em parceria com o movimento associativo juvenil, contou com atividades desportivas, animação de rua, uma mostra associativa e inúmeros espetáculos culturais de jovens artistas, bandas jovens e associações de toda a região”. Decorreu ao longo de todo o dia (15 de junho) e contou com a participação de “vários grupos do concelho” e também “de Papillon e T-Rex”.

No que respeita mais especificamente ao concerto de T-Rex, “além do pagamento do cachet do artista, o contrato contempla ainda, como descrito no caderno de encargos [consultado entretanto pelo Polígrafo], outros serviços, nomeadamente todos os requisitos funcionais e técnicos para a produção do Festival Liberdade”.

Esses requisitos incluem sistema de som para três palcos, mesas de mistura, iluminação, ecrãs, cablagem, microfones, alojamento, refeições, funcionários de apoio, entre outros.

Por outro lado, a CMS aponta para outros dois “procedimentos de aquisição de serviços de produção” – pelos valores de 129.305 euros e 22.750 euros – referentes à “Expo São Mateus 2023”, adjudicados pela Câmara de Elvas e igualmente registados no portal Base.

A partir do que conclui que “comparar valores de serviços totalmente distintos é agir de má-fé. Não se pode comparar valores de cachet de um artista ao de toda a logística de organização de um festival”.

Em conclusão, o tweet apresenta informação parcial e baseia-se num pressuposto errado. O que resulta evidentemente em desinformação, aqui sinalizada com o carimbo de “Falso”.

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Avaliação do Polígrafo:

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