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Caetano Veloso exibiu camisola com insultos dirigidos ao presidente Jair Bolsonaro?

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Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Espalhou-se pelas redes sociais uma imagem na qual o músico brasileiro Caetano Veloso exibe uma "t-shirt" com a seguinte mensagem: “Presidente louco, podemos lhe defecar hoje?”. Na legenda das publicações sublinha-se que essa é "a verdadeira face de Caetano, não respeita o povo brasileiro e suas escolhas". Verdade ou falsidade?

Começou por ser partilhada no Brasil, mas rapidamente chegou a Portugal. Uma imagem do músico brasileiro Caetano Veloso a mostrar uma t-shirt com uma mensagem insultuosa – e dirigida ao presidente Jair Bolsonaro – está a tornar-se viral nas redes sociais.

Enquanto na t-shirt se pode ler “presidente louco, podemos lhe defecar hoje?”, na parte superior da imagem afirma-se que esta é “a verdadeira face de Caetano” e que o cantor “não respeita o povo brasileiro e suas escolhas”. A publicação apela a um boicote ao “show desse babaca”, um termo pejorativo utilizado no Brasil como sinónimo de idiota.

Mas será que Caetano Veloso exibiu mesmo essa t-shirt referindo-se a Jair Bolsonaro como um “presidente louco”?

Não. A imagem foi adulterada com a introdução da frase polémica que está a tornar a publicação tão partilhada.

A fotografia original foi publicada no Facebook, a 8 de fevereiro de 2019, pela antiga deputada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Manuela D’Ávila. Nessa fotografia, a t-shirt que o músico exibe não tem qualquer insulto a Jair Bolsonaro, apresentando a seguinte mensagem: “Orange is the new Queiroz” (“Laranja é o novo Queiroz”, em língua portuguesa).

Contudo, essa frase da fotografia original sugere uma crítica política, ao fazer referência a Fabrício Queiroz, visado numa investigação que envolve o filho de Bolsonaro. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras denunciou – através de um relatório publicado em dezembro de 2018 – movimentações financeiras suspeitas do então motorista e segurança de Flávio Bolsonaro, filho do atual presidente. Em causa estavam cerca de 1.250 milhões reais, o que corresponde a cerca de 275 mil euros.

Na descrição da publicação, Manuela D’Ávila explica que entregou “ao querido Caetano uma das camisetas produzidas para financiar as atividades de nosso instituto E Se Fosse Você?”, tendo o momento da entrega da t-shirt sido noticiado em vários sites brasileiros. A organização que a ex-deputada refere tem como objetivo combater tanto as fake news como o discurso de ódio nas redes sociais e, para isso, disponibiliza “conteúdo de qualidade sobre essas questões, dando subsídios para homens e mulheres resistirem aos tempos sombrios que vivemos”.

Não é a primeira vez que Manuela D’Ávila é vítima de conteúdos falsos partilhados nas redes sociais e foi por isso mesmo que criou o instituto: a deputada recorda que durante as eleições presidenciais, em 2018, foi “o principal alvo de fake news e ódio nas redes”. Para apoiar o financiamento deste projeto, estão disponíveis vários modelos de t-shirts com frases de protesto – incluindo a oferecida a Caetano Veloso -, à venda nesta plataforma.

Tal como se verifica em muitas fake news, a criação desta imagem falsa parte de um pressuposto verdadeiro: tanto Caetano Veloso como Manuela D’Ávila são críticos assumidos de Jair Bolsonaro. O reputado músico foi mesmo um dos impulsionadores do movimento #EleNão que ganhou muita força nas redes sociais durante a campanha eleitoral de 2018 no Brasil.

Caetano Veloso que esteve recentemente em Portugal, em meados de julho, para um concerto com os filhos Moreno, Zeca e Tom, no Coliseu de Lisboa. Esta foi a segunda vez que a família Veloso apresentou o seu espetáculo conjunto em Portugal.

***

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

Avaliação do Polígrafo:

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