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Suspeito de corrupção e condenado por agressão, Rodrigo Gonçalves volta ao Conselho Nacional do PSD na lista de Luís Montenegro?

Política
O que está em causa?
Também foi associado a práticas de "caciquismo" no PSD/Lisboa, além de uma campanha de perfis falsos e desinformação nas redes sociais quando era consultor de comunicação do PSD, acabando por se demitir.
© Agência Lusa / Hugo Delgado

No dia 8 de novembro de 2022, a Câmara Municipal de Oeiras e o escritório de Rodrigo Gonçalves foram alvo de buscas da Polícia Judiciária (PJ), devido a suspeitas de crimes económicos associados à viabilização do projeto imobiliário “Porto Cruz”, em Oeiras. Gonçalves integrava então a Comissão Polícia Nacional do PSD (já sob a liderança de Luís Montenegro) e exercia as funções de consultor do grupo SIL, promotor do referido projeto que prevê a construção de mais de 137 mil metros quadrados na Cruz Quebrada – em leito de cheia, na foz do rio Jamor, a escassos metros do rio Tejo e em zona de elevados riscos naturais.

Por causa dessas buscas, Gonçalves suspendeu o mandato na Comissão Política Nacional do PSD. Mas quase dois anos depois ressurge agora no Conselho Nacional do PSD, eleito no 42.º Congresso do PSD realizado no último fim-de-semana, em Braga, integrando a lista apresentada pela Direção de Luís Montenegro.

O mesmo Rodrigo Gonçalves que, em maio de 2019, se tinha demitido do cargo de consultor de comunicação do PSD, ainda no período de liderança de Rui Rio, na sequência de uma investigação jornalística do “Diário de Notícias” que revelava uma campanha de perfis falsos nas redes sociais que espalhavam mentiras sobre os adversários políticos do PSD. Gonçalves foi apontado como uma de quatro pessoas responsáveis pela criação desses perfis, mas negou qualquer envolvimento no caso.

Há mais polémicas e suspeitas ao longo dos últimos anos, recordadas pelo jornal “Público”. Em 2015, então no cargo de vice-presidente do PSD/Lisboa (depois de ter presidido à Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica entre 2005 e 2013) foi acusado – juntamente com o seu pai, Daniel Gonçalves – pelo Ministério Público de crimes de corrupção passiva. Em causa estavam dois subsídios, no total de 75 mil euros, atribuídos pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Junta de São Domingos a uma associação de moradores para obras num infantário. No entanto, acabou por ser absolvido.

Logo no ano seguinte, porém, Rodrigo Gonçalves foi mesmo condenado pelo Tribunal da Relação de Lisboa (juntamente com Pedro Reis, psicólogo que trabalhava na Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica) por agressões a Domingo Pires, ex-presidente da mesma Junta de Freguesia. A pena consistiu no pagamento à vítima de 3 mil euros (por cada um) e multas de cerca de 1.300 euros.

De resto, também foi associado a práticas de “caciquismo” no PSD/Lisboa, mais especificamente numa investigação jornalística do “Observador” que, em abril de 2017, descreveu minuciosamente “a rede da família Gonçalves“. Chegou mesmo a “organizar uma rede de transporte para levar os militantes a votar, de forma a garantir a eleição dos candidatos que queriam no poder local do partido”.

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