“É o problema todo que aconteceu da nomeação de Silvério Regalado depois dos ajustes diretos na Câmara Municipal. É o primo de Silvério Regalado ser nomeado para o Banco de Fomento, como presidente, quando não tinha currículo para tal”, acusou Bruno Nunes, deputado do Chega, em comentário na CNN Portugal sobre a crise política, a 14 de março.
Referia-se, em primeira instância, à nomeação de Silvério Regalado como novo secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, em substituição de Hernâni Dias que se demitiu após ter sido revelado que criou duas empresas imobiliárias quando já exercia funções no Governo e lidava diretamente com o processo de alteração à lei dos solos.
Quando Silvério Regalado era presidente da Câmara Municipal de Vagos, esta autarquia contratou os serviços da firma de advocacia Sousa Pinheiro & Montenegro, detida em 50% por Luís Montenegro, então deputado do PSD. Silvério Regalado transitou para a Assembleia da República como deputado em 2024 e entretanto saltou para o Governo de Montenegro.
A história dos ajustes diretos foi revelada em primeira mão pelo “Jornal Económico” em março de 2017. Era um dos oito casos identificados numa investigação sobre deputados com mais de 10% do capital de empresas que beneficiaram de adjudicações de entidades públicas. Com base nessa investigação, a Subcomissão de Ética abriu um inquérito para analisar os oitos casos que poderiam configurar situações de impedimento.
Quanto a Gonçalo Regalado, assumiu recentemente as funções de presidente da Comissão Executiva do Banco Português de Fomento (BPF), por decisão do Governo de Montenegro.
Partilham o mesmo apelido e nasceram ambos em Vagos, mas o facto é que Silvério Regalado e Gonçalo Regalado não são primos, nem têm qualquer relação familiar, ao contrário do que alegou o deputado do Chega.
Relativamente à alegação de que “não tinha currículo para tal”, implica uma apreciação subjetiva, mas sabe-se que trabalhou durante mais de uma década no Millennium BCP.
De resto, o Banco de Portugal validou o novo Conselho de Administração do BPF, mediante uma decisão “inteiramente favorável” e, aliás, “tendo sido dispensada a audiência prévia de todos os elementos da equipa”.
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