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Bruno de Carvalho na TVI: “Primeiro-Ministro caiu em Entre-os-Rios”. Verdadeiro ou falso?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Na entrevista que ontem deu à TVI, o ex-presidente do Sporting, que acaba de lançar o livro "Sem Filtro", em que aborda todas as polémicas relacionadas com a sua passagem pelo clube, cometeu uma gafe ao afirmar que na sequência da tragédia de Entre-os-Rios, ocorrida em março de 2001, foi o primeiro-ministro (que na altura era António Guterres) quem assumiu a responsabilidade política. Não foi.

Ontem, sexta-feira, o presidente do Sporting Clube de Portugal deu uma entrevista à TVI com o objetivo de promover o seu novo livro, “Sem Filtro”, em que narra as histórias de bastidores que marcaram a sua passagem pela presidência do clube de Alvalade.

A dada altura, falava-se da questão da invasão de elementos da Juventude Lenonina à Academia de Alcochete quando o jornalista Joaquim Sousa Martins perguntou:

– Porque não se demitiu e convocou eleições?

Perante a hesitação do ex-presidente do Sporting, o jornalista detalhou:

Sentia-se legitimado tendo em conta o que acontecera?

Bruno de Carvalho ensaiou três justificações:

  1. O facto de estar a finalizar o processo de um empréstimo obrigacionista considerado fundamental para as contas do clube
  2. A circunstância de alegadamente estar também a terminar uma reestruturação financeira
  3. A iminência de o Sporting estar prestes a ser campeão em todas as modalidades

Percebendo que as explicações não convenciam o seu interlocutor, Bruno de Carvalho decidiu dar um exemplo:

Diga-me só uma coisa: caiu a ponte sobre o rio. Quem é que caiu?

Sousa Martins não percebeu…

– Qual ponte?

O ex-dirigente detalhou

De Entre-os-Rios. Qual foi o primeiro-ministro que caiu?

Sousa Martins corrigiu

Foi o ministro que se demitiu, Jorge Coelho.

… mas Bruno de Carvalho insistiu com uma pergunta retórica…

– Foi o primeiro-ministro, ou não?

ponte
59 pessoas perderam a vida na sequência da queda da ponte

A tragédia de Entre-os-Rios aconteceu no dia 4 de março de 2001. Naquele domingo, passavam 10 minutos das nove da noite quando o inesperado aconteceu. O colapso do tabuleiro da ponte de Entre-os-Rios arrastou para as águas do Douro um autocarro e três automóveis ligeiros.

A ponte que fazia ligação entre Castelo de Paiva e Entre-os-Rios já era muito antiga. Inaugurada em 1887 e batizada de Ponte Hintze Ribeiro ficou-se a saber, mais tarde, que o aviso para um possível colapso da travessia já tinha sido sentenciado há mais de uma década.

Nessa noite, 59 pessoas perderam a vida. A maior parte regressava de uma excursão a Trás-os-Montes onde tinha ido ver as amendoeiras em flor. As restantes vítimas viajam em três veículos ligeiros que, com o autocarro, seguiram rio abaixo. Foram poucos, os corpos das vítimas recuperados. Alguns deram à costa, na Galiza, a mais de 200 quilómetros do local do acidente. Por aparecer ficaram 36.

Além da queda da ponte, também houve um ministro que caiu. Jorge Coelho, ministro do Equipamento Social, anunciou publicamente a demissão ainda na  manhã seguinte. “A culpa não pode morrer solteira“, diria. Caía assim o número dois do primeiro-ministro e um dos homens mais fortes do Governo socialista.

Avaliação do Polígrafo:

 

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